É geralmente durante a noite… quando o frio me invade e tenho apenas como companhia a escuridão… uma escuridão que, aliada ao meu ser, me faz fechar os olhos e abrir a caixa das recordações.
Abro a caixa, abro a caixa com bastante cuidado. Não porque tenho medo, mas sim porque o que guardo lá dentro é o mais precioso que tenho desta vida. É aquilo que me dá calor nas noites frias de inverno, é aquilo que alimenta a minha alegria, é aquilo que faz as minhas alegrias! É aquilo que procuro quando estou sozinho… sozinho na companhia da minha sombra, aquela que me conhece verdadeiramente e que, sem nada pedir, partilhou comigo todos aqueles momentos.
Ainda tenho os olhos fechados, mas a escuridão já não me assusta como dantes… o frio já não é mais um inimigo. Pego mentalmente na minha caixa, e, suavemente…, cuidadosamente… como se de pedras preciosas se tratassem, pego em cada fotografia e reproduzo mentalmente aquele momento na maior e melhor sala de cinema que alguém alguma vez poderá ter. Sorrio com a memória… sorrio para a felicidade de outrora… Sorrio para aquilo que me diz… Sorrio pela saudade que me traz.
Aperto mais os olhos… quero manter aqueles frames comigo… não os quero deixar ir… Sinto uma lágrima sair da tela de exibição… Uma lágrima que não me entristece… é uma lágrima que me traz o calor que vem enfrentar o frio que sentia outrora. Uma lágrima que traduz aquilo que eu sinto quando nenhuma outra palavra o pode fazer.
Carrego no botão de pausa… nunca no do stop… e, gentilmente, guardo a memória na minha caixa secreta… Aquela que fica escondida de todos… aquela que é a mais bem protegida de tudo o que tenho.
Fecho a caixa… e guardo-a bem no centro da minha mente… Fica lá porque sei que lá vou voltar… vou voltar lá todos os dias para sorrir, para me reconfortar e ver que o tempo passa por nós… escorrega por entre os dedos e, a única coisa que desejamos é poder congelar as fotografias desses mesmos tempos para mais tarde recordar…
Agora abro os olhos… abro os olhos para a escuridão. Ela já não me assusta…Hoje já não! A lágrima que escorreu está seca, e, o único vestígio que tenho dela é o calor que me deixou, ao percorrer o seu caminho… em frente… tal como a vida o deve fazer… sempre em frente, e sem nunca esquecer aquela caixinha que mantemos para nós…
Sem nunca esquecer A Caixa da Vida…
One thought on “A Caixa da Vida”