Sinto-me sozinho.
Sinto-me abandonado.
Sinto-me… perdido… Sim! Perdido…
Perdido em mim. Perdido nas crenças, nos pensamentos, nas pessoas, no mundo. Tento levantar os olhos. Eu tento!, mas os meus olhos já não estão mais brilhantes. Já não estão iluminados com a luz que outrora existiu. Não! Eles estão cobertos com a escuridão que invadiu o meu coração.
Mas a verdade é que, agora que a minha porta está aberta, o mundo que eu conhecia ficou desconhecido. Destroçado, olhando-me de alto a baixo. Olhando-me e gozando comigo. Gozando porque perdi o meu sentido. O meu caminho. Perdi tudo ao ficar cego por tanta luz.
Idiota que eu fui! Idiota por não me ter lembrado de ir buscar uns óculos de sol. Será que ajudaria? Talvez sim. Talvez esses óculos de sol me lembrassem de que, a luz que via, a que iluminava o meu caminho, também cegava. Também me queimaria, deixando-me apenas em cinzas… deixando que o vento me levasse para longe.
Tentei procurar-te…, mas já lá não estavas. Já lá não estavas, à espera, como tinhas prometido. Eu sabia que lá estavas. Eu sabia. Mas eu simplesmente não te conseguia ver.
Sentia-me perdido, e só queria que me voltasses a guiar. Que… talvez… Talvez só queria encontrar de novo a minha estrada. Só queria que o meu coração não estivesse mais assustado pois sabia que estavas aí fora… olhando-me. Olhando por mim.
Queria tanto ter os meus óculos de sol. Queria… Mas já não posso. Não sei onde os deixei. Perdi-me. Perdi tudo…. Perdi tudo!
Diogo Simões 