Boa noite leitores,
Hoje trago-vos algo diferente. Será uma entrevista (de duas entrevistas que tenho para vocês de jovens escritores portugueses), dividida em duas partes, para vosso deleito.
Hoje venho apresentar-vos aqui ao blog a escritora, bloguista e fotografa, Letícia Brito 🙂
Mas quem é esta minha amiga Letícia? Pois bem, vamos descobrir, na minha primeira entrevista (e primeira parte dela), a esta jovem escritora, que tem muito para vos contar e apresentar…
Letícia Brito nasceu a 3 de Dezembro de 1996 e é natural de Paços de Ferreira. Formada em Fotografia, concilia o gosto pela escrita e pela arte de congelar os momentos. É bloguer e iniciou o seu projeto literário em Junho de 2015, no entanto, o seu percurso na escrita teve inicio quando era ainda uma menina com os seus 10 anos. Escreve desde prosa, ficção, romance a contos infantis, vertente que a encanta, dado o seu fascínio por crianças. A sua primeira obra será publicada com a Chiado Editora, brevemente.
1ª Em 2015 iniciaste o teu projeto literário e, logo depois em outubro, foste vencedora no Concurso Nacional Geração Arte… Como é que isto aconteceu? A escrita é algo que te apareceu recentemente ou apareceu muito antes?
A escrita está presente na minha vida desde muito pequena. Logo que entrei para o ensino primário que dava por mim a rabiscar em diários e tentava imitar a minha irmã, com 10 anos de diferença, que também escrevia (e muito bem), mas sem sucesso. Escrevia contos, mas totalmente desconexos. Aos 10 anos, do nada escrevi o meu primeiro conto infantil, que já começava a fazer sentido e a partir daí sempre fui incentivada a escrever. Tendo em 2010 surgido a oportunidade de iniciar uma rubrica num jornal concelhio, dedicado apenas, aos meus contos.
2ª Quais foram os teus primeiros textos? Como olhas agora para eles?
Os meus primeiros textos foram contos infantis. Nutri desde pequena o gosto pela leitura e era apaixonada pelos contos dos Irmãos Grimm. Olho para eles como uma vitória, foram os meus primeiros escritos que me fizeram evoluir até onde me encontro agora. Com frequência pego, seja nos contos infantis, seja nas crónicas de amor que iniciei aos 14 anos, e tendo a aperfeiçoar o que escrevia quando era mais nova. Acho que a idade e as vivencias pessoais trouxeram-me algo fundamental; conhecimento, que de certa forma, permite-me refazer com muitas melhorias, aquilo que criei quando era apenas uma menina.
2ª Tendo em conta a maneira como a escrita apareceu na tua vida, como vês a tua participação no Concurso Nacional Geração Arte, ou até mesmo com as tuas crónicas? O que aprendeste?
Aprendi a ver o mundo de outra forma, é um facto. Não sou pragmática, vivo em função da filosofia. Procuro um porquê para tudo, acredito que nada acontece por acaso e por vezes sou irritante e revelo até um feitio de menina de cinco anos a querer descobrir o mundo e a questionar a própria existência. Com a participação no concurso fiz sobressair o meu lado mais forte e perseverante, sempre fui uma rapariga tímida e escrevia apenas para mim, então vencer este concurso, implicou mostrar a todo um país aquilo de que era capaz, se me permitisse sair da minha zona de conforto. Enfrentei a exposição pública, isto é, numa primeira fase fui abordada na rua por um pequeno número de pessoas, mas confesso que teve um gostinho bom de “quero mais”. Seja pelo concurso, ou até mesmo pela minha página no Facebook, é gratificante ver que tantas pessoas se identificam com o que escrevo. Revelei também com as minhas crónicas a minha visão sonhadora e simultaneamente realista sobre o amor.
3ª Acho que é inevitável perguntar, depois de todos estes projetos, como surgiu a ideia de publicares um livro? Foi algo que já desejavas há algum tempo?
Publicar um livro foi algo que desejei logo que comecei a escrever. Aos 12 anos, comecei inclusive uma história do género fantástico, inspirada pelo percurso da grandiosa J.K.Rowling. Pensava para mim, “se sou capaz de escrever um conto de duas páginas, sou capaz de escrever um livro”. Então a minha ideia inicial era escrever uma trilogia, a história permanece inacabada, mas toda a ideia continua delineada, principalmente na minha mente, apesar de já se terem passado cerca de 5 anos. Depois pensava na publicação de uma compilação de todos os meus contos infantis. Sempre gostei de explorar essa vertente e gostava sobretudo de contar as minhas histórias aos meus primos mais pequenos e à minha sobrinha, muitas delas, ou quase todas, podem ser por mim contadas de cor, e como sou apaixonada por crianças, a ideia de escrever algo para elas, mantém-se até hoje. Mas para não me perder mais em devaneios, criei em Junho a minha página e no mês seguinte comecei a trabalhar no livro.
4ª Quanto a este teu primeiro livro… Como surgiu a ideia? Que expetativas tens? Podes falar-nos um bocadinho dele?
Fui contactada por uma editora e tinha já partilhado o título de uma crónica na página, disseram-me que aquele título era bom e soaria muito bem numa obra, então logo o apaguei da rede social e empenhei-me na criação do meu primeiro “filhote”, comprometi-me comigo mesma que escreveria um capítulo por dia e o romance ficou pronto em cerca de 3 meses. Embora o processo de revisão tenha sido mais demorado e a história tenha sofrido mudanças, mas boas, a meu ver. O meu livro já passou pelas mãos de familiares e amigos próximos, bem como de professores de Língua Portuguesa, e até agora todas as criticas tem sido boas, o que me faz crer que fiz uma boa aposta, se as pessoas se identificam com as minhas crónicas acredito que se identificarão também com o livro. Abordo a temática das doenças do foro psíquico, trago a história de um primeiro amor, mas o foco principal da história acaba por ser a protagonista, que sofre com aquele que é considerado o mal do século 21. É um tema um pouco menosprezado pela sociedade, mas cada vez surge em maior escala, então espero que possa mudar algumas mentalidades.
5ª Como foste inspirada para a história? Ficcionas ou adicionas um “bocadinho” de ti, ou será antes uma mistura dos dois?
Fui inspirada sobretudo pela Prova de Aptidão Profissional que fiz para concluir o 12º ano no meu curso de Fotografia, abordei através da Fotografia, basicamente aquilo escrevi no livro, embora, na história, atire com força, a realidade nua e crua, ao leitor. Acho que todo o escritor leva um pouco de si para o que escreve, mas a conotação pessoal desta história em concreto, não revelo, apenas adianto, que estou a preparar algo para os meus leitores, onde vou desmistificar pontos da história que se cruzam com a realidade; nomes de personagens, datas, lugares, citações ao longo da obra que estão associadas às minhas vivencias pessoais e ao que me rodeia, o porquê de determinada personagem possuir olhos verdes, por exemplo. Tal como na vida preciso de um porquê para tudo, com a minha obra não é diferente. Então acaba por ser uma mistura dos dois. Mas gosto de fazer uma separação lógica e fazer com que quem me leia, entenda que sou uma pessoa enquanto escrevo, mas quando fecho os livros, sou outra, não no mau sentido, apenas do meu ponto de vista, considero fundamental que partes da minha vida pessoal sejam salvaguardadas, pois as pessoas tendem sempre a pensar que se escrevemos sobre amor é porque estamos apaixonados e se escrevemos sobre sofrimento é porque estamos a sofrer de amor, o que não acontece sempre.
6ª Sendo tu tão jovem, consideras que o processo de edição foi fácil? Ou que em Portugal existem os apoios necessários?
Cada vez surgem mais editoras a apostar nos jovens autores e com propostas tentadoras de publicação, na verdade, não sou tentada por elas, sou apologista de que “o que é barato, traz gato”. Fui aceite em 3 editoras, com propostas totalmente distintas. Analisei as vantagens e desvantagens de cada uma e optei pela que me trazia mais visibilidade, e me transmitia sobretudo mais confiança e profissionalismo. De facto, em Portugal não existem os apoios necessários, mas eu posso considerar-me sortuda, pois tive alguém que apostou em mim e acreditou no meu talento. Fiz a proposta ao presidente do meu município e a partir daí, foi tudo tratado com a câmara, que financiará este meu primeiro trabalho.
7ª Como reagiram os teus familiares, amigos e conhecidos, à notícia de que irias publicar um livro?
Foi uma surpresa para todos. Na minha página do Facebook, recebia várias vezes mensagens de pessoas a perguntarem-me onde poderiam comprar o meu livro, e nessa altura ainda não tinha anunciado que criara um, elas apenas gostavam do que eu publicava e pensavam que fazia parte de alguma obra física. Os meus familiares e amigos sempre me incentivaram a escrever e conheciam este meu desejo de ter um livro meu em mãos. Escrevi o livro sem revelar a ninguém, marquei reunião no meu município para lhes fazer a proposta, sem lhes revelar também e uma semana depois recebi uma mensagem onde me disseram que tinham boas notícias. Quando marquei novo encontro, soube que a publicação do livro estava assegurada por eles e logo em Outubro assinei contrato. Anunciei à família, aos amigos, anunciei aos meus seguidores e foi algo ao qual todos reagiram bem, com palavras de incentivo, de carinho e até hoje venho recebendo mensagens de pessoas que fazem parte da minha vida e outras que me conheceram apenas pelo que escrevia, que estão ansiosas pelo livro, tanto quanto, eu estou para o publicar.
8ª Que dirias aos leitores que querem ler o teu livro? O que podem eles esperar?
Eu diria que eles podem esperar um grande drama psicológico, de certa forma, eu própria debati-me quando escrevia a história e quando a leio novamente nos processos de revisão. Eu procurei ir a fundo na temática que abordo e procurei abalar o psíquico dos leitores, espero que consiga essa proeza com a obra.
9ª Onde pretendes chegar com este primeiro livro?
O mais longe possível, é uma resposta válida? Eu quero com este livro chamar a atenção para o problema em questão, quero mostrar a realidade de quem vive sob aquele problema, e quero sobretudo passar a mensagem de que é possível superá-lo.
10ª O dia do lançamento do teu livro chegou! Qual achas que será o teu primeiro pensamento quando chegar o dia do lançamento?
Já pensei várias vezes sobre isso e não sei, sinceramente. Já pensei que estarei nervosa, em êxtase ou totalmente descontraída. Provavelmente será um turbilhão de emoções, se correr como a apresentação da minha prova de aptidão profissional, que afirmo com veemência, foi algo muito importante para mim, foi uma vitória não só profissional mas também pessoal, significa que vou lacrimejar um pouco e fazer lacrimejar os presentes, o que é muito bom, quando algo mexe profundamente connosco.
2ª Parte: 9 de abril
Podes visitar a escritora em http://leticiabritooficial.blogspot.pt
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