Todos os dias acordo, de coração apertado, incapaz de ficar indiferente a esta agonia que me consome. Que me tortura… E é nas pequenas coisas do dia a dia que a inveja se apodera de mim. Que o ciúme me corrói até à ponta dos dedos, infeliz… nostálgico, apaixonado.
Tenho inveja da água, que desde manhã cedo te toca, que te acaricia. Que percorre cada recanto teu e te aquece, escondendo o desejo de um abraço caloroso que teima em não vir…
Tenho ciúmes da maneira como agarras a chávena quente de café, aquela que te ofereci num dos nossos aniversários de namoro. Parecia uma prenda tão estúpida, mas o significado que tinha foi suficiente para te ter roubado um sorriso.
Ai esse sorriso…
Mas essa caneca… inveja-me a maneira como a beijas. Como a levas gentilmente aos lábios. Em como o barro é aquecido pelo teu toque quente.
Quem me dera sentir agora esse calor…
Mas e a roupa? A maneira como ela te abraça, se junta a ti, colada num abraço sem fim. É agonizante. A maneira como a tua pele toca nela como outrora em mim tocou…, quando me deixou empregando nesse teu doce perfume…
Durante o dia é quando sinto mais o aperto do meu coração. Quando um suor frio me percorre, ao imaginar a maneira calorosa com que o sol, lá no alto, te aquece. Ele, lá no alto, a aquecer-te. E eu, na distância, a resfriar… Ai sol… comporta-te!
Mas e a noite? A maneira como a lua se esconde timidamente sobre o teu olhar, lembrando-me o brilho que erradias. Um tão grande que faz a própria lua ter inveja. Mas acredita, essa inveja não é maior que a minha. Nem diminui, ao saber que são os lençóis à noite que têm o prazer de te aconchegar… e não eu, aqui, nesta cama fria. A cama que outrora mal aguentava com a nossa exorbitante chama.
Mas a chama…
É ela que me aquece. Que me aquece todos os dias, sabendo que, no final, será a tua voz, o teu olhar, a tua presença a fazê-lo…, quando te voltar a reencontrar.
E está quase…
Boa noite 🙂 ,
Diogo Simões
Diogo Simões 