Ligaste-me!
Sendo tu a pessoa que és, atendi sem hesitar.
Estavas mal. Precisavas de mim. De que eu fizesse a viagem de quilómetros que nos separam, para te ajudar. Para te apoiar, como sempre fiz. Amigo que sou, já faz parte de mim. De dar este bocadinho de mim, a alguém quem confio.
Eu fui, num ápice. Apoiei-te! Estavas numa lástima. Nunca te tinha visto assim. Então decidi dar mais um bocadinho de mim. E assim foi, ao longo dos dias. Das semanas… Dos anos!
Tempo… algo tão precioso, e que te permitiu voltar a erguer. E fiquei tão, mas tão contente.!!! Mas então a questão que agora me assombrar, voltou: E eu? Que tanto dei. Que tanto sofri? Que sempre estive ao teu lado?
Eu…
Eu fiquei… algures, perdido nesse caminho. Nessa ajuda que, pelos vistos, sou eu agora que preciso…
É irónico, não é? Como agora, sou eu que preciso, e sinto que não tenho ninguém. Como se a tua amizade, o teu amor, tivesse de ser conquistado como num jogo do Euromilhões, cuja probabilidade é extremamente reduzida. Por isso, cá me arrasto… Caminhando, diariamente. Na altura, eu tinha o que precisavas… agora que não, sou… sou nada?
Tão egoísta, só conseguiste ver a tua dor, e agora… agora perdeste quem nunca esperavas… Uma parte de mim que se perdeu nesse tempo. E, pedaço por pedaço, lá vou eu, para o mesmo…
Originalmente publicado a 2 de novembro de 2017, em https://rapazdeoculos.blogs.sapo.pt/
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