Ctrl + C __ Ctrl + V

A sensação de descanso pairava em mim mesmo quando dei por mim a acordar. Uma noite capaz de fazer inveja a todas as outras que me roubaram o sono de tamanha ansiedade involuntária que sentia.

Todavia, hoje o que sinto, é um acordar diferente. Ao acordar, não tenho as típicas paredes amarelas em que cresci, forradas com prateleiras de livros e um ou outro póster de cinema. A janela que tenho também não me dá vista para um jardim familiar. Não.

Hoje, ao acordar e esticar os braços pelos lençóis brancos, dou por mim numa cama que, mesmo tendo-se moldado ao meu corpo, ainda falta para me moldar a alma. A janela também não me dá a vista que por 22 anos vi mudar e crescer. Os sons estão igualmente longe de ser os mesmos. Quer desde autoclismos a ser puxados, quer aos cães e as galinhas que escuto lá fora. Contudo, sei que as galinhas não são as que a minha avó cria, e o ladrar incessante do cão, está longe de ser o chamamento do meu, para que dele fosse tratar.

Abro finalmente os olhos, consciente de que a representação mental teria de chegar ao fim, e encaro por fim a nova aventura que me espera. Uma por a qual anseio. Quer pelo melhor, como para o pior. Porque, verdade seja dita, sei que não estou sozinho. E algures, aqui perto, mesmo que seja por um telefone, a companhia completa-me para que consiga enfrentar mais um novo acordar. Um que não é ainda, de todo, da vida que tinha. Um que não tem os mesmos lençóis a cobrir-me de todos os receios, como outrora…

 

Comenta aqui

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.