Quando a Letícia me falou que estava a escrever um novo livro, já ao que parece ser uma eternidade – quando foi no passado ano-, estava mais que entusiasmado. Adorei por completo o seu primeiro romance. Nos Braços do Vagabundo trouxe-me, com a sua leitura, aquela sensação de estar a ler quase um thriller psicológico americano tal era a vivacidade e a maneira como a autora escolhera estruturar a história. Gostei muito!
Face à amizade que surgiu pelas palavras, tive a sorte de fazer parte do seu grupo de leitores-beta. Dito isto, foram mais as cinco versões que me passaram pelos olhos. Sempre com correções que lhe mandava, ou momentos confusos, ou os típicos erros de digitação que qualquer pessoa comete. Todavia, estava muito longe de imaginar, aquilo que viria a ser o resultado final.
Sei que o facto de ser amigo e colega dela, me torna suspeito aos vossos olhos. Que é quase como se a classificação fosse comprada. Mas garanto-vos, não é! E vou explicar-vos o porquê!
Sinopse
Mónica, Luísa e Martim conhecem-se na adolescência e são forçados a aceitar, desde cedo, que a vida é feita de contrariedades, de amores e desamores, de situações mal resolvidas. Mal eles sabem que as suas histórias estarão interligadas para sempre.
Um grave acidente vem mudar o rumo das suas vidas, reavivando sentimentos que se julgavam perdidos. Este acidente deixa Margarida, uma pequena e inocente criança, órfã. Mas, no meio desta infelicidade, Margarida ganha uma mãe do coração que promete fazer tudo para a ver feliz.
Uma simples reviravolta é capaz de mudar o rumo de várias pessoas, abrindo-lhes as portas para a possibilidade de criarem um novo futuro.
Sabem que quando faço críticas a livros ou filmes, não gosto de vos dar os detalhes da trama. Não procuro assim que possam ser influenciados de alguma forma com o que possa ter escrito. As percepções são diferentes, assim como os gostos. Todavia, aquilo que posso dizer com esta história é bastante claro e logo perceptível no começo é que a história está constantemente em alteração. Numa ação intensa que consegue rivalizar com a nossa vida corrente. A Letícia não procura criar momentos aborrecidos e desnecessários para a história, e verdade seja dito, tal seria até impossível. Sendo este o seu segundo livro, a maneira como desenvolveu cada personagem até ao mais ínfimo detalhe psicológico, leva a que cada forma de pensar, ação, ou conversa entre personagens, seja algo único e que vinca o passado das personagens. Ou seja, acontece tudo de forma intensa, com a mesma velocidade da vida corrente, e verdadeira. Verdadeira é a palavra que mais destaco.
Como Assistente Social, contento-me igualmente com o abordar dos temas que a autora escolheu forjar esta história: desde os problemas ligado às dependências, como o álcool, até à ausência do amor de uma família, e até mesmo a sua estrutura. É frequente pensarmos que os problemas sociais só afetam determinadas esferas dos indivíduos, mas a Letícia captou na perfeição como esses problemas se impactam em diversas esferas das vidas das pessoas. Aliado a esta estrutura brilhante da história, aos olhos de quatro personagens, e com recuos no passado que levam a compreender o presente e o futuro, está uma escrita carregada de experiência.
A pesquisa também se tornou fundamental em muitos dos momentos da história, e não pude deixar de sentir um aperto no estômago ao ler muitas das passagens da história, como se lições para a vida se tratassem. E são-no, na verdade.
A história é comovente, aliada ao poder do amor e do perdão, da importância de fazer as pazes com o passado. A acrescentar a estas páginas que compõem o “O dia em que chegaste”, estão citações escolhidas a dedo e que conferem a esta narrativa, uma profundidade que muitas, simplesmente ousam ter. Acaba por ser uma novela da vida, com momentos deliciosos e que fazem deste livro, uma leitura leve para terminar o verão de espírito cheio.
Atendendo a todos estes fatores, que juntam escrita, história, personagens, imaginação e olhar atento ao mundo moderno, tenho de dar cinco estrelas. Foi um trabalho enorme e que tem tudo para que todos nós, pensemos no que queremos para nós e para os que amamos, e em saber da mais que segundas oportunidades à vida, quando só se vive uma vez.
“O dia em que chegaste” já está disponível para compra no site da editora.
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