Encontramo-nos? Naquele café onde te vi pela primeira vez? Onde o teu olhar varria a sala, como se procurasses alguém? Alguém que teimava em não aparecer?

Encontramo-nos novamente naquele café? Aquele em que os comboios faziam tanto barulho que julgavas que, na multidão que deles desciam, estivessem que esperavas?

Encontramo-nos no café? Na mesa redonda, onde o teu olhar esmoreceu para o visor do teu telemóvel? Esperando que, de alguma maneira, ele desse sinal de vida?

Encontramo-nos? Naquele café em que o teu olhar esverdeado cruzou com o meu, na mesa oposta? Em que um sorriso parvo se formou ao ver uma réstia de natas na ponta do teu nariz? Onde ficaste tão vermelha que o telefone deixou de ser o centro das atenções?

Podemos encontrar-nos? Novamente no sitio que sabes? Onde perdi o resto de vergonha que tinha e avancei para a tua mesa? Onde te disse que “tu não és o tipo de pessoa por que alguém se atrasaria”. Onde te riste. Onde empurraste o telemóvel para o lado e os teus olhos ganharam uma nova tonalidade?

Será que podemos?

Mas podemos mesmo?

Será?

Encontrar-nos? Novamente?

Encontrarmo-nos no café, ao pé dos comboios, onde a vida me levou a perder um comboio. Dois comboios. Quatro comboios, para te estar a ver? Para te ir falar? Para te ver, sorrir?

Espero que te queiras encontrar comigo lá. Preciso que te queiras encontrar comigo lá! Preciso que voltes a juntar o que de mim levaste, sem saber.

O meu coração.

Naquele café.

Ao pé daqueles comboios.

Por, graças a Deus, quem quer que te tenha lá deixado… O fim, pode mesmo ser um princípio!

 

Originalmente escrito a 21 de julho de 2017

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