Boa noite 🙂
É hoje! Hoje dá-se o final da 2ª Temporada nesta rubrica de novas histórias numa nova página. Foram mais de uma dezena de publicações que compuseram estas histórias baseadas na vida. Inspirada por ela e por tudo o que ela nos dá! Não poderia estar mais agradecido pelo apoio e o vosso seguimento. A sério!
Se teremos uma 3ª Temporada, muito sinceramente: não sei. Após este findar, irei vasculhar a internet e publicações antigas da minha autoria para, se se justificar, vos trazer. Mas vamos lá ao final?
Obrigado 🙂
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Estou a olhar freneticamente para as horas.
Não consigo parar! E bolas se não acabei de o fazer novamente…
Deveria estar a ir para a cama. A comer o meu iogurte nas calmas enquanto me arrastava escadas acima até chegar ao inferno. Sim, é o resultado que o verão tem na minha casa.
Hoje não consigo ir já (tentar) dormir. Porquê? Porque amanhã acaba uma das maiores etapas da minha vida. Uma que começou em fevereiro e que amanhã, ao fim de horas de trabalho, chegará ao fim.
Amanhã termino o meu estágio. Amanhã dou o passo final para acabar a minha licenciatura. Terminar aquilo que comecei há três anos, quando segui o curso que queria seguir. Quando segui o meu coração.
Hoje não sou o mesmo rapaz que era. O curso mudou-me. O estágio mudou-me. Comecei a amadurecer, e a perceber o quão difícil é conseguirmos ajudar todos. Como as Ciências Sociais, no nosso país, nos limitam. Mas não pensem que estou a dizer que me sinto limitado. Não! Que estou a escrever isto porque penso que vou para o desemprego. Também não é isso. O que se passa é que, apesar de ser muito aventureiro (acreditem, sou), esta nova etapa, assusta. E que etapa é essa? A de seguir um Mestrado.
Muitos podem agora estar a pensar: só isso? É mais do mesmo. Ler, estudar, aulas, ler, estudar, trabalhos, aulas, ler… Já perceberam, não já?
O que se passa, é que será a primeira vez que irei viver fora da minha cidade natal.Que estarei longe de tudo o que me é familiar. Desde ao vento que me saúda sempre que caminho junto ao rio, quer à simpatia das pessoas, de cada vez que decido ir comer um gelado à Praça, no centro da cidade. Dos meus pais, que sempre cá estiveram, e os amigos, sempre a uma mensagem de distância para um jantar marcado ali em cima do joelho.
Olho agora para o meu quarto. Aquele “bocado” da casa que me viu crescer. Que já me viu deitar em todas as fases da minha vida. Que nunca me abandonou. Que está desarrumado com tudo o que a minha vida me ofereceu ao longo destes vinte e dois anos…. Agora sinto que o vou abandonar. Que ele irá perder o resto do meu crescimento. Que não irá estar lá para me apoiar nas noites que chorar, quando me aperceber do que não tenho no momento. Que não irá estar lá para me aquecer, com as suas paredes, recheadas de histórias e segredos que nem às moscas ocasionais que lá passam, contei.
Amanhã não deixarei só um trabalho. Deixarei amigas, que fiz. Colegas de profissão. Momentos de frustração e gargalhada, que só aquela equipa me pôde proporcionar. É quando deixarei também parte de mim. Parte desta insegurança que me acompanha e, amanhã, quando passar pelas enormes portas do edifício, lá deixarei. Como que um tapete de boas vindas aos vindouros. Como que uma lembrança do que lá passei, e do que estará depois disso. De uma nova aventura, e de um novo começo, algures, no nosso País.
Estou triste.
Nostálgico.
Irritado pela maneira como que os sentimentos brotam de mim, e me impeçam de escrever algo, talvez, mais bonito. Mas esses tempos virão… Agora tenho de absorver tudo o que aqui vos contei, e pôr em prática.
Tenho agora a tarefa de saborear as horas, os minutos e os segundos, há medida que passam. Esses, nunca mais irão voltar. E serão esses, que para sempre, mais irei querer.
Amanhã é o fim.
Mas também é um novo princípio. Para mim. Para a minha vida. Para a minha família e amigos. Em que direi adeus a tudo o que conheço para, daqui a uns meses, uma nova vida iniciar. Já perceberam, por agora, que sempre detestei despedidas. Quer seja pelo final de um livro, quer de um amigo próximo. É algo que faz parte da vida.
As coisas terminam, e nós, seguimos em frente. Mas também sei que não estarei sozinho, nessa caminhada. Que terei quem esteja comigo. Seja o meu chão! O meu pilar!, e me acompanhe… não importa o quê.
Originalmente escrito a 22 de junho de 2017