Não sei. Muito sinceramente, em Portugal, e sobretudo para mim, não sei o que significa ser um jovem-adulto. Somos tão bombardeados num sistema de ensino tão fechado e retrógrado em que tudo o que pede é a memorização, que a criatividade que possamos ter e o senso crítico que possamos vir a desenvolver, esvai-se.
Após isso, passamos a ser números e umas baratas tontas com a eventual corrida para a universidade, onde esperamos que o futuro se trace nos anos de estudo. Mas aqui está o problema. Somos iludidos, e saímos de lá assim, ao acreditar que vamos ter logo um emprego. Que o mundo é justo. Que é igualitário nas oportunidades que oferece. Pois bem, isso não acontece. E então a escola que nos deveria preparar para a vida, atira-nos antes para um sistema mecanizado em que raramente encontramos humanos. Como máquinas, vamos agindo até perceber o quão injusto tudo é.
O que mais me revolta é que no meio disto, está um país que não nos ajuda. Que pede aos seus jovens para um primeiro emprego dois anos de experiência. Ou então, quando arranjamos emprego, o salário é baixo ou as condições precárias. O mesmo acontece com os contratos de termo incerto para umas rendas das casas bizarras. Quero dizer: que raio de país é este em que os jovens não podem começar a criar a vida e a vivê-la? Como? Ainda mais: se queremos procurar outras oportunidades, ou até passar só umas férias no nosso território, somos convidados a não viajar nele pelo preço irrisório das portagens ou até o preço dos combustíveis.
Muitas das vezes entristeço-me com isto. Na verdade, de cada vez que venho para o Porto e olho para as portagens quando vou de carro, digo um conjunto de asneiras que me deixam absorto por nada mudar.
Nos dias de hoje é muito fácil criticarmos os nossos jovens quando têm comportamentos menos próprios, quando a sociedade parece que se esquece como era o brincar nas suas épocas. Acontece também o facto de ser mais fácil criticar do que ajudar ou falar. Todavia acho que isto representa mais a vergonha do Estado em saber que falhou nos seus pilares fundamentais: saúde e educação, do que outra coisa. E com isto, a opinião publica arrasta-se para conversas e discussões que a própria, muitas das vezes, não compreende. Quem sofre são estes jovens e jovens-adultos, incompreendidos e sem saber onde se encaixar, com raras exceções de mãos a dizerem, sem julgamento: anda, eu ajudo-te.
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