Sempre que penso no dia 26 de dezembro, parte de mim sente-se perdido. Não por não saber a quantas ando, mas porque é o dia seguinte ao Natal. E, por conseguinte, dos dias mais tristes do ano.
Este meu sentimento nasce da bela frase que ouvimos todo o santo ano de que o Natal é quando o Homem quiser. Sendo isso verdade, porque é que parece que o dia a seguir ao Natal é passado como um alívio para as pessoas? Será que elas não gostam da confusão? Dos encontros familiares, da comida – ou de pensar nela-, das conversas? Ou, pior, será que nos estamos a tornar numa sociedade individualista ao ponto de voltarmos a querer a nossa paz e sossego?
Com isto, dou por mim a cada ano, tentar apreciar o máximo possível. E a sofrer também, no dia seguinte, a tentar pensar se aproveitei de cada doce, de cada minuto até à meia-noite e do pequeno-almoço em família. Das luzes pulsantes da árvore de Natal, dos jogos e conversas parvas ou até mesmo da sessão de cinema que mais serve para os adultos descansarem. Mas será que é esta a razão? Pela idade? Pelo cansaço que a vida corrente nos dá e nos impede de aproveitar a vida?
Eu não sei. Só que vos estou a escrever isto no dia 24. É verdade! Agora é a altura que me poderiam chamar de hipócrita, mas se há facto sobre mim é que gosto de sofrer por antecipação. Sendo que na maior parte das vezes não o faça com uma conotação negativa, ou sem solução à vista, queria desabafar com vocês. Mesmo que só leiam isto dentro de alguns dias. Mas pronto… Já está. Soube bem. Mas será que o sentimento desapareceu? Acho que não, e muito sinceramente, penso que não irá. Sinto-me triste por isso. Por andarmos sempre de um lado para o outro que esquecemos o que é verdadeiramente importante. Mas se conseguir provocar-vos um bocadinho de reflexão já me dou por sortudo.
Feliz Natal
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