Eu julgo que estou maluco. Muito porque tinha a ideia de já vos ter falado do #TheBibliophileClub mas não conseguir encontrar a publicação respetiva. E sinto-me tão, mas tão frustrado. Mas como mais vale tarde que nunca, vou aqui falar desta brilhante iniciativa e do livro que escolhi para começar a mesma. Curiosos?

#TheBibliophileClub é um clube de leitura criado pela Sofia, do A Sofia World, Sónia, do By The Library, e à Lyne, do Imperium(estou a ter um déjà vu enorme, não têm noção). Sendo um clube de leitura, o objetivo é estimular a leitura por diferentes categorias definidas todos os meses. Após isso vamos discutindo os temas, trocar ideias, fazendo amizades. Tudo por conta do nosso amor aos livros. Isso acontece quer pelo uso da #, da partilha no grupo do Facebook, ou ainda nos blogs de quem tem. Desta forma, o tema do mês de janeiro foi a não ficção/auto-ajuda.


Antes de começar a falar-vos do livro que escolhi, tenho de dar os parabéns pela iniciativa. E mesmo que a imagem do grupo seja do sexo feminino, é para mim uma honra estar no meio de tantas leitores e em que todos temos o objetivo de nos desafiar. De promover a leitura, cultura e reflexão. Já referente ao primeiro tema, quando o vi, não sabia bem se haveria de rir ou chorar. Em primeiro lugar tinha de pensar que raio de livro iria ler. E mesmo sabendo que tinha as sugestões do grupo, tinha de perceber se conseguiria adquirir o livro. Com isto em mente, a minha escolha foi para o Uma Vida Muito Boa, da J.K. Rowling.

O livro em si é uma transcrição do discurso que a autora deu a alunos que se formavam em Harvard íamos nós no ano de 2008. E mesmo que o vídeo esteja disponível online, como o tinha oferecido ao @rfl19931 , eu queria muito ler. Precisava de reencontrar as palavras deste discurso. E que discurso…

A autora escolheu abordar o fracasso e a imaginação neste discurso motivacional, e não só o fez com o seu humor característico, como trouxe uma visão que se parece perder no mundo. E digo isto porque parece que, aos olhos da nossa sociedade, não podemos falhar. Que temos de seguir um caminho já pré-estabelecido em que se nos desviarmos, é estarmos a fugir à norma. Quase que a viver como marginais. E ao ler sobre o fracasso, não podia deixar de pensar em como isto se aplica à nossa realidade. À realidade portuguesa. Os nossos jovens, eu próprio incluído, saímos da Universidade com um peso enorme nos ombros. Devemos conseguir ter logo um emprego e na área, de preferência. Com isto, é esperado que construamos o nosso currículo ao ponto de conseguirmos ter logo uma casa, criar uma família, e por aí em diante. Já vos falei disto algumas vezes por aqui, pelo que vou focar-me na importância do fracasso. Porque ele é importante.

Na sociedade atual, as pessoas pensam que o nosso CV é correspondente à nossa vida, e isso é tão, mas tão errado. Temos logo um conjunto de preconceitos da sociedade que, por vezes e da forma errada, vão barrando o nosso caminho. Com isto dou-me a falar dos meus próprios fracassos. Na primária era um nabo, falhando. Tive inclusive uma professora que numa composição, me riscou metade dela porque eu tinha simplesmente escrito de mais. No secundário percebi tarde de mais do peso das minhas escolhas e segui por um caminho que poderia ter sido diferente. Quando quis publicar um livro, nunca tive respostas. Fui tentando e após publicar finalmente um outro livro e sendo esse o meu primeiro, nem tudo correra bem. O mesmo com a minha carta de condução, cujos fracassos foram enormes. Mas agora pergunto: será que devemos ter vergonha do nosso fracasso? Ou devemos esperar antes que sejam os outros a fazê-lo e de forma pejorativa? Eu aprendi imenso com os meus fracasso. Aprendi lições valiosas com cada erro, cada decisão, escolha. Porque sim, parte das escolhas foram minhas.

Algo ainda a ser dito dos fracassos é que parece que, ao olhar dos outros, não podemos falhar. Cometer erros. Más decisões. Mas sabem o que é igualmente pior? Não se poder assumir os sucessos. Em geral, o povo português lida muito mal com o sucesso dos outros. Quer seja pelo estatuto, salário, ou mesmo pela vida que a pessoa leva. Com isto me pergunto: como é que se combate esta dualidade? Como é que não podemos falhar, mas também não podemos demonstrar ter sucesso?

Este ponto leva-me ao seguinte: à imaginação. Muitos associam a imaginação à leitura ou derivados. Mas será que tu, que estás a ler isto, sabes que é dos maiores poderes que temos? O de imaginar o que é a vida de outra pessoa? De nos metermos no lugar dos outros? É que existe uma verdade impossível de negar: cada decisão nossa, ato, comportamento, palavra, tem o poder de influenciar o meio externo. Se nós não nos conseguirmos meter no lugar dos outros, como poderemos esperar que certas coisas no mundo, mudem? Não temos nós o poder de imaginar algo melhor, mesmo que para nós próprios?

Este livro potenciou-me uma reflexão tão grande que me fez perceber que os fracassos são, sem dúvida, o que nos mostra se estamos a viver a nossa vida em pleno ou apenas a ser cautelosos, e que são capazes de nos permitir voltar a reconstruir.

Por isso sim, este livro serve o seu propósito de auto-ajuda, e é, a meu ver, de leitura obrigatória. Em especial por cada vez mais evidenciarmos uma sociedade individualista. E nem me refiro já de uns para com os outros; mas até de nós para com o nosso próprio planeta.

Se não falharmos, será que estamos sequer a viver?

MINHA CLASSIFICAÇÃO: 5/5

CLASSIFICAÇÃO MÉDIAGOODREADS: 4,25/5

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3 thoughts on “#TheBibliophileClub (Janeiro) – Os Fracassos

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