O que é uma ideia?

Esta é, talvez, das questões que mais tenho debatido comigo mesmo. Procurando refletir sobre o que é uma ideia. Algo que alimenta não só as publicações que vos faço, como às histórias. Mas se penso que se podia ficar por aqui, uma ideia é algo que não só é precisa nesses momentos, como é fundamental em muitos momentos da nossa vida.

Quem diria que a resolução de um problema precisa de vir de uma ideia? Ou até mesmo a marcação de um encontro com uma pessoa? Uma ida ao cinema? A ideia para o que fazer para o almoço ou jantar? Como sabem, há muito por onde explorar deste tema. Porém, aquilo que me surpreende é em como, muitas das vezes, não nos apercebemos de onde vem essa ideia. Por isso me pergunto: até que ponto uma ideia é mesmo minha?

Antes de remeter esta questão para as questões da vida corrente, acho que falar de matemática aqui ajuda. Não por amar a disciplina e ela nos regular diariamente, mas porque quando estudávamos, aprendíamos todas as leis e fórmulas existentes. Porém, no nosso décimo ano, quando a quantidade de conhecimento é enorme e estamos diante de um problema, a resolução passa por uma ideia. Por termos uma luzinha no cérebro que nos recorda de determinada formula ou até situação semelhante àquela. E é aqui que está o meu ponto. A ideia foi nossa. Lembrámos-nos dela. Mas aquele caminho já tinha sido trilhado por outro matemático, décadas antes de nós. Com isto, até que ponto uma ideia é verdadeiramente nossa?

Eu acho que nenhuma ideia é. Somos tão influenciados por aquilo que acontece pelo meio exterior aliado ao nosso conhecimento e crescimento interno, que todas as nossas ideias têm influência dos outros. Quer das pessoas, quer das interações e ensinamentos que nos passam. O mesmo para as minhas histórias. A ideia para o Esquecido veio de uma aula de Psicologia em que se falava de memória. Desta forma, se eu por exemplo não tivesse ido àquela aula, teria tido a mesma ideia? Ou teria enveredado por outro caminho? Sinceramente não sei…, e isto deixa-me a remoer muito. Bastante.

Posso dizer o mesmo com a imagem que escolhi para ilustrar esta publicação. Foi minha ideia a imagem, mas para chegar a ela comecei a pensar em analogias de uma ideia poder ser algo cíclico. Desta forma, a escolha da imagem foi mesmo ideia minha?

Para mim uma ideia é assim este conjunto de vivências e experiências, aliadas à nossa capacidade de sonhar e imaginar, que nos permite, em determinadas alturas da nossa vida, conjugarem-se e darem luz a algo. Mas o que acham disto? Que me devo internar ou estou só a ser humano e a querer procurar as respostas para tudo?

Respostas

  1. Avatar de Lauren Lewis

    Uma ideia é, como dizes, um pensamento que resulta de uma imagem, de uma palavra, de uma experiência ou de alguma coisa que ninguém consegue explicar.
    É difícil, não é? Imaginar que uma história poderia nunca existir se não tivesse sido uma palavra, um problema, a tentativa de encontrar uma solução ou uma afirmação de alguém. Um simples gesto de alguém, num ambiente sobre o qual não temos controlo (um momento que vemos na televisão ou na rua) pode despoletar a criação de algo.
    Tudo é reinvenção. A forma como reinventamos alguma coisa pertence-nos a nós, embora a génese em si exista antes de nós. Há coisas que só nós podemos fazer. Podemos assistir ao mesmo filme que 1 milhão de pessoas e só nós captarmos um segundo insignificante e tornar isso num best-seller. Saramgo, por exemplo, foi inteligente o suficiente para escrever o DEPOIS de um heterónimo sem data de morte, o DEPOIS do seu criador. É preciso termos atenção ao mundo que nos rodeia e deixar que as “ideias” venham. Charlotte Bronte dizia que nunca estava em silêncio. Estamos sempre a pensar em histórias, em personagens, à procura de alguma coisa que ainda não descobrimos. Se isso é loucura, Caro Diogo, deve haver um lugar sagrado onde os autores vão parar.

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    1. Avatar de Diogo Simões

      Lauren, se nos encontrarmos nesse lugar, espero por conversas sem fim à vista.
      E algo que tenho de destacar do que disseste foi a “reinvenção”. A capacidade que temos de “bricolage” com tudo aquilo que nos rodeia e nos permite elevar, e levar as ideias a algo mais. E provocar esse mesmo efeito em quem as lê!

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      1. Avatar de Lauren Lewis

        Há algo mais bonito do que reinventarmos a vida todos os dias quando escrevemos?

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  2. Avatar de “Como” escrever para um blog? – Diogo Simões

    […] refleti anteriormente o que acho “do que é uma ideia”. E que, de facto, acredito que não exista uma ideia completamente nova. O mesmo com esta […]

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  3. Avatar de O que mais gostei de escrever em janeiro – Diogo Simões

    […] se gosta de uma série/adaptação. Disse-vos porque adorava o inverno e ainda bati com a cabeça ao pensar no que era uma ideia. Ainda em termos reflexivos falei do medo que os jovens têm, nos dias de hoje, de ir para o […]

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  4. […] tempo. O que escreves, tem valor. É único e baseado nas tuas/nossas inspirações. Já vos falei do que é uma ideia e de como rever, assim de todo o sofrimento de um autor, pelo que se pensam que nunca me falha a […]

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