É hoje! Dia 12 de fevereiro. O dia em que faço 24 anos. Vinte e quatro anos! Sim, até tive de “escrever” para acreditar. Muita coisa se passou neste último ano, e que começaram a acompanhar com mais frequência. Com isto, queria fazer algo diferente. Todos os anos comemoro aqui no blog a data, mas estava na altura disto. De usar o que me inspirou para escrever o Especial de Natal do Esquecido, em mim.
Desta forma, quero usar este dia, esta página branca de publicação e o meu espaço online, para escrever uma carta a mim mesmo. Não sei se vai sair como a tenho na cabeça, mas isso faz parte da lição da própria carta…

Diogo, podes não saber agora quem sou, mas sou tu. Não da forma que te conheces a ti próprio, mas é por isso mesmo que te escrevo.
Durante as nossas vidas, tentamos sempre poder alterar o passado. Mudar um acontecimento, momento, palavra dita ou até uma escolha. Mas por favor, escrevo-te para te fazer compreender que são as escolhas que fizeste e vais fazer, que te vão levar a onde queres. Não estou a dizer que será com sucesso. Algo rápido. Nada disso. Vais ter de fazer escolhas que serão difíceis e até mesmo guardá-las só para ti. Mas juro-te com estas palavras, que não estás sozinho.
Irás sofrer algumas vezes por teres medo de escrever e de contar aos outros que o fazes. Terás com isso uma altura muito feliz. Andarás nas nuvens a sonhar com tudo o que a escrita te pode dar. Porém, tenho de te avisar que terás também desilusões. Vais desejar não gostar de escrever, de ter mais apoio, e até mesmo que o país onde nasceste tivesse sido outro. Porque é isso mesmo que me leva a escrever-te.
Trocaste uma viagem de finalistas, pela escrita. Trocaste as tuas palavras, pela escrita. Escondeste parte de ti, pela escrita, que tenho de te dizer: vai ser difícil. E acredita, de onde te escrevo as dificuldades não terminam. Mas por favor, não deixes de tentar. De sonhar. Acreditar no que escreves e o porque o fazes: não é pela fama, dinheiro. É por ti!
Muitas pessoas se vão cruzar contigo e não perceber por completo o porquê e o como da escrita ser um amor tão grande. Mas continua a agarrar à frase do Mamma Mia que tanto gostas: “Sou um escritor. Um lobo solitário.”. E somos assim, escritores – ou parecidos, mas solitários é impossível. Não tens só a tua imaginação, e o que lês, como os teus familiares, amigos e colegas.
Irás também sofrer com a típica escolha de qualquer adolescente de que curso seguir. Do que fazeres da tua vida. O meu conselho agora seria: vai para Humanidades. Gostas de Psicologia, segue esse caminho. Se conseguires, podes sempre optar por algo ligado à informática. Tenho muita, muita pena, que nessa altura das escolhas, os cursos profissionais sejam tão mal vistos ou que a informação não seja como a de agora. Mas mesmo que te diga isto, sendo tu teimoso, acho que seguirias na mesma as Ciências e Tecnologias. Tenho plena noção de que mesmo que as notas não reflitam a tua paixão pelo saber e pela ciência, isso te alimenta de uma forma saudável. Afinal de contas, muito do que aprenderás, e muitas das relações que terás, vão ser muito saudáveis para o teu futuro. Nem todas, já que quando vamos crescendo, a quantidade dos nossos amigos é substituída pela qualidade. Mas acredita, os que estão agora, são os melhores!
Aproveita as tuas memórias, as tuas viagens. O teu tempo com a família. Cada abraço, palavra, olhar e fotografia. Sei que odeias a fotografia aí, mas nem imaginas que amor surgiu agora ligado a esse campo. É caso para dizer que a vida dá voltas.
Tenta não apressar o amanhã. Aproveita o presente. O amanhã está sempre garantido, seja de que forma for, o presente já é outra questão. Mas sei que a escrita te ajuda nisto, pelo que continua. Continua sem vergonha de te emocionares, e nem penses que os homens não choram, todos sabemos que o correto é os Homens choram!
Quando tiveres a viver a tua vida académica, faz questão de a aproveitar por completo. Terás pessoas que te podem tentar fazer ter medo de certos caminhos que possas crer ir só porque elas não o querem. Mas tu és independente, e não percebas só isso no segundo ano! Aplica-lo ao primeiro para teres a certeza de que aproveitas tudo ao máximo e com aqueles que realmente importam. Mas aqui tenho de te dizer outra coisa: vais odiar o teu país novamente. Não um ódio, ódio. Sei que amas o teu país. Que nem compreendes por completo quem saí dele. Mas será difícil. Vais dar-te conta que ao saíres da universidade, podes ser muito bom, mas a sociedade quase que te mata. Não sabe lidar com o sucesso nem com as oportunidades, pelo que não te surpreendas que peçam sempre dois anos de experiência quando é impossível alguém a ganhar sem oportunidade. O mesmo com a construção de uma vida, que é cada vez mais difícil. Vais perguntar-te como é que isso é possível num país tão envelhecido, mas é. E o problema é que não há solução à vista. Sabes qual é o segredo? Não te importares, porque desde que estejas a fazer o que te faz feliz, e que esse feliz te permita viver, força. É o que te posso dizer. Talvez das melhores coisas que o possa fazer, na verdade, já que hoje em dia muitos confundem trabalho, sorrisos, dinheiro com “viver”. Desta forma, continua a escrever. Podes não ser bom, bom bom, mas estás no caminho do bom, bom. O resto vai com os anos, a paixão, o trabalho.
Não sei se estas palavras eram o que esperavas, mas tem força em ti. Cada ser humano é único, e não há razão para pensarmos que imitar a sociedade traz bem-estar. É errado, e já sabemos disso.
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