Recordar viagens tanto nos pode trazer prazer, como o amargo sabor da saudade. Do que foram aqueles dias passados com os companheiros de viagem. As aventuras, fotografias. Caminhos errados e avisos meteorológicos ignorados. Tudo em prol da descoberta, tal e qual exploradores que somos. Desta forma, e até para perceberem como é que uma viagem pode inspirar um autor, quis dar-vos este Diário de Viagem. Quis chamá-lo de Diário de Bordo, mas queria algo diferente. E aqui está! Assim, ao longo das publicações desta semana, vou dar-vos a conhecer a viagem que fiz entre Porto – Santiago de Compostela – Corunha – Combarro – Vigo. Estão prontos? Preparem-se para horas na estrada, ventos fortes, chuva até dizer chega e muitas, muitas fotografias de momentos memoráveis.

Sábado, 2 de março – 14H30

Foram 207 os quilómetros percorridos do Porto até Santiago, onde os meus tios me apanharam no Norte Shopping para a viagem de família. Alguns dos elementos da família só iriam no dia seguinte por causa de outros compromissos, pelo que no sábado foi dia de arrumar as malas em Santiago para tentar perceber o que tinha a cidade para oferecer. Confesso que não pesquisei muito online por fotografias. Queria a surpresa. Sabia onde haveríamos de ir, muito por conta do Google Trips, que ajudou a saber o que havia para visitar. Mesmo assim, o fator surpresa esteve sempre presente. O tempo ainda ajudava. Não estava propriamente um sol que iluminasse a cidade, mas antes uma nublosidade que transpôs a cidade para um cenário digno de filme.

Foi maravilhoso circundar pelas ruas e falar com os diversos espanhóis que tão bem nos entendiam, e levar com a simpatia e acolhimento que esperávamos. Até uma fotografia tiramos com um casal de amigos mascarados de Wall-E e Eva. Foi tão engraçado que rapidamente nos apercebemos como festejavam o Carnaval com as ruas decoradas de iluminações, qual Natal qual quê! E mais: ao estar naquele ambiente, só me lembrava das séries da Netflix: Casa de Papel e Élite.

Foi maravilhosa a convivência e o arranjar um lugar para conseguirmos comer. A ajuda dos locais foi fantástica, e lá acabamos por aterrar no primeiro jantar em solo espanhol. É certo que a comida em nada se assemelha à nossa. À sua abundância em saladas e guarnições, mas foi o que nos levou a descobrir no restaurante um grupo de amigos mascarados à Patrulha da Noite. Sim, estou a falar da Guerra dos Tronos, e de termos três rapazes mascarados a rigor, assim como a um quarto elemento mascarado de Caminhante Branco. Sem dúvida divertido e que enchia as ruas de espírito. Porém, tenho de notar que para uma cidade tão grande, quase que parecia vazia. Não que houvessem ruas sem vida, mas confesso que esperava encontrar um movimento “tipo Porto”, o que não aconteceu. E até foi ótimo. Levava a que fosse fácil de circular pela cidade e de termos sempre mesa nos restaurantes, já que enquanto nós comíamos pelas 20H-20H30, os espanhóis aparecem sempre pelas 21h-21h30.

No fim comemos bem, com um prato apetitoso e com molho de queijo. Fiquei derretido e só ansiava pelo dia seguinte.

Domingo, 3 de março – 11H30

Após o que foi um pequeno-almoço energético, foi hora de nos fazermos à estrada para chegar até à Corunha. Não tínhamos propriamente muitas expetativas para a cidade, mas esta revelou-se enorme. Cheia de movimento. Foi também o dia em que soubemos que desde há uns 6 anos, os espanhóis deixaram de trabalhar ao domingo. Ou seja, nada de supermercados ou centros comerciais abertos. Uma política muito bem aplicada e que deveria de ser aplicada à escala mundial neste tipo de comércio. Somos humanos, e não é um dia sem supermercado ou lojas de retalho que nos estragará o descanso que deve de ser o domingo.

O areal da Praia de Riazor era enorme, e com um enorme banco de areia a guardar o piso onde corredores e famílias passeavam. Nem o vento gélido os demovia.

Era quase impossível estar na rua pelo vento, pelo que o próximo local escolhido no GPS foi A Torre de Hércules. Claro que antes de lá chegarmos, fizemos uma paragem junto à Ópera, onde encontramos a nossa conhecida Dulce Pontos, que iria celebrar anos de carreira.

Mas bem… se o vento sentido junto ao mar era mais que sentido, na Torre parecia um autêntico tornado. Caímos, mal nos conseguíamos manter de pé, e até os meus óculos voaram para pararem a metros abaixo de mim, riscados. Provocou muitas gargalhadas, mas nós não conseguimos controlar o corpo. Imaginam o que isso é? Claro que as paisagens e mar de águas cristalinas compensaram a aventura, como podem ver de seguida:

Foi impossível não ficar apaixonado. Fiquei rendido, e nem o almoço me tirou essa sensação! Se bem que foi divertido, já que tivemos nós de assar a nossa própria carne. Mas após o bandulho cheio, foi hora de irmos buscar os restantes elementos da família. Aguardavam por nós em Santiago, numa cidade chuvosa, escura. Encontrá-los foi complicado por meio da navegação GPS que não funcionava perante um céu tão nublado. Mas lá conseguimos, ao ponto de depois lancharmos e descobrirmos pasteis de nata a serem lá vendidos. Sim, verdade!

Com a chuva violenta, a Catedral de Santiago acolheu-nos. Foi uma pena estar em obras, mas conseguimos dar um abraço a Santiago – literalmente -, e de contemplar a beleza da construção e ambiente que a envolvia. A sua grandiosidade metia respeito, e não consegui deixar de pensar no livro Pilares da Terra e do trabalho, esforço e paixão, que esta Catedral deu e fez aquando da sua construção.

Alguns dos cenários místicos quase me fizeram lembrar do filme de terror da Freira, e mesmo não estando nós na Roménia, quase que era possível perceber uma certa semelhança em certos traços arquitetónicos.

O dia lá se findou, comigo a ir para o quarto a ler They Both Diet at the End, enquanto esperava por um jantar mais quentinho e que me fizesse descansar para o dia seguinte.

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