Foi na semana passada que tentei algo diferente. De vos dar aquilo que vai na cabeça de um autor antes de um lançamento. Hoje, a autora Orquídea Polónia dá-nos um novo lado e apresenta-nos o seu mais recente thriller e de forma oficial. Prontos para o conhecer?

Verdade e vingança parecem temas fortíssimos e que moldam toda a história d´Os Corvos: porquê abordá-los? O que te fez escolhê-los como esqueleto da história?

Acho que a questão aqui foi: como pode alguém encarar uma morte assim tão cruel? O que pode acontecer quando se perde tudo? Queria mostrar vulnerabilidade e humanidade. Neste caso, isso veio de mãos dadas com verdade e vingança. Foi uma forma de mostrar até onde pode ir a revolta de uma criança, depois adolescente e adulta. Além disso, não procuramos todos um pouco de verdade nos livros, por muitas verdades diferentes que possam existir? Era esse tipo de complexidade que eu procurava e espero ter conseguido transmitir.

E foi-te difícil? O que é que foste sentido enquanto escritora à medida que ias delineado a história?

Sim, por muito que escreva de forma intuitiva é sempre difícil. Há que construir as personagens, fazer com que cresçam e dar um rumo à história. Não é fácil, é preciso interligar tudo e ainda dar o nosso cunho, a nossa visão.

E o que sentiste enquanto leitora ao ler os diversos rascunhos do manuscrito? Que receios tiveste?

Há uma espécie de ritual quando escrevo que é não rever demasiado inicialmente, a não ser que seja necessário por força da história. Escrevo corrido e depois leio e releio, revendo tudo. Foi muito curioso quando reli de uma ponta a outra. Gostei do que li, foi um outro olhar da minha própria história. É claro que há receios, muitos. Tenho medo que não seja suficiente, que existam erros sobre áreas que pesquisei, etc. Receio da forma como possam vir a acolher a história. Mas não me assusto, há sempre espaço para melhorias e crescimento.

Cordel d´Prata (2019)

Qual foi a personagem que mais gostaste de construir e aquela que de quem mais sentes saudades?

Sinto mais saudades da Elsa, tenho muito carinho por ela. Apesar de que não está excluída da minha escrita, ainda trabalho nela! A personagem que mais gostei de construir foi o Elias. Ele ia ser simplesmente um típico vilão e acabou por ser bem mais que isso porque comecei a gostar muito dele, a compreender que a escuridão que ele tem não vem do nada, ele não é só mau. É isso que a escrita tem de fantástico, pensamos que estamos a criar personagens e depois percebemos que são as personagens que nos criam a nós.

Alguma das personagens são baseadas em pessoas que conheces?

Não. Já me inspirei em outras personagens fictícias, mas não em pessoas reais.

O final que escreveste foi aquele que sempre planeaste? Quando começas a escrever, tens sempre o final delineado ou manténs algumas possibilidades que dependem, por vezes imprevisível, do desenrolar da história?

Acho que é metade de cada uma dessas hipóteses. Eu sei para onde quero ir quando começo uma história. No entanto, não sei qual é exatamente o final e vai sendo delineado com o rumo que a história toma.

Mudavas alguma coisa na história das personagens ou estás feliz com as decisões que elas, tu, tomaram?

Confesso que não penso muito nisso. Estou feliz com o final, pelo menos no caso de “Os Corvos – No trilho da vingança”. Foi para aquele fim que tudo levou. Tal como disse no meu lançamento, chegamos a uma altura mágica em que definimos as personagens e falamos nelas como se fossem pessoas reais, estão estruturadas. E isso faz com que a história se construa a si própria. Portanto, o rumo da narrativa e o seu final acaba por surgir quase naturalmente. Poderia ter sido outro? Podia, mas foi assim que me pareceu correto.

Eu sou da opinião de que qualquer produtor de arte tem sempre receio de um certo tipo de pergunta que possa surgir por parte de quem a interpreta. Concordas? Tens alguma pergunta que achas que poderá advir desta história?

Sim, claro. Não são perguntas em concreto, mas vários tipos de perguntas. Primeiro, porque as pessoas interpretam o livro e a história segundo a sua visão, que pode ser diferente da minha e com a qual terei que me confrontar. Depois, não há nenhum tema sobre o qual eu saiba tudo. Faço investigação sobre o que escrevo, mas reconheço que há sempre quem saiba mais do que eu. Por último, tem sempre a questão da inspiração, algo que geralmente as pessoas perguntam. Nunca sei qual é a inspiração que me faz começar o livro! São outros livros, outras histórias que vejo e ouço, notícias, … A vida!

Como classificas esta história na tua vida? O que é que ela te deu enquanto pessoa?

Deu-me imensa coisa. A Elsa tem muito de mim, usei-a quase como um reflexo, apesar de termos histórias e caminhos completamente diferentes. A Elsa ensinou-me muito: lições de vida, alguma moral. Depois, amadureci muito enquanto escrevia este livro, já que foram dois anos no início da minha adulta, em que eu me definia. Construi-me nesta escrita, cresci como pessoa e como autora.

E enquanto escritora?

Como disse, existiu a questão do amadurecimento em paralelo com o livro. Depois, é com este livro que me afirmo como autora. É com o meu segundo livro que eu me agarro à escrita.

Alguém te pergunta: “o que posso encontrar nestas páginas?”; qual a tua resposta?

Humanidade. Mistério. O meu objetivo foi mostrar que o bem e o mal andam de mãos dadas, numa linha não definida. E é isso que faz uma pessoa humana, a emoção. Tentei passar isso para o meu livro, assim como o suspense, a vontade de ler para descobrir mais!

Falamos antes do lançamento e agora no depois. Quero mesmo saber: o que sentiste no dia e como é que isso te transformou nos dias seguintes?

Numa palavra: feliz! O lançamento correu bem, estava muito bem organizado e tudo se compôs. Foi um dia especial. Foi um largo tempo de trabalho, entre dois anos de escrita e meses na publicação. Finalmente tive a obra nas minhas mãos! É um momento indescritível!

Agora, já após o lançamento, o que sinto é entusiasmo. Ainda há muito que fazer para levar o livro ao mundo. Uma etapa acaba, mas outra começa. E isso anima-me!

Para os que não foram à apresentação, onde e quando te poderemos vir a encontrar?

Podem encontrar-me como Autora Orquídea Polónia nas redes sociais, Facebook e Instagram. Lá partilho informação sobre os livros, mas também eventos, sendo que já tenho alguns preparados, estejam atentos! O livro poderá ser encontrado no site da Cordel D’ Prata ou em locais de venda habituais.

Agora vamos a algo mais rápido para todos te conhecerem. Preparada para umas respostas rápidas e curtas?

Uhh… Vamos a isso!

Sítio favorito para escrever?

Qualquer um, desde que seja um lugar sossegado. Sou caseira nisso!

Melhor hora para escrever?

Principalmente à noite, por estar mais livre.

Escrever com música, ou sem?

Com música, quase sempre!

Livro favorito?

Ui… “Em Parte Incerta”, de Gillian Flynn, e “The Shining”, de Stephen King.

Música favorita?

Impossível dizer, é uma diferente em cada dia! Mas gosto mais de rock…

Filme ou série predileto?

Gosto muito da série “Sobrenatural”. Nos filmes escolho “Em Parte Incerta” e “Sweeney Todd”.

Momento favorito desta história?

O mais triste, que foi a morte dos pais de Elsa. E o final.

Momento que mais trabalho te deu escrever?

Emocionalmente foi a morte dos pais de Elsa. Depois tem o trabalho em termos de investigação… Aqui, provavelmente, foi a articulação com a política atual do mundo real.

Tens uma nova página em branco para começares a escrever uma nova história. Qual o género literário que podemos esperar?

Quero continuar a escrever thrillers! Livros com mistério e obscuros. No entanto, no lançamento, uma criança lançou-me a sugestão de um livro infantil! É quase o oposto, mas o desafio ficou-me na mente!

Os Corvos – No Trilho da Vingança

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