Esta é daquelas guerras mais antigas da humanidade. Uma debatida por muitos, em que acaba sempre por se sair em branco. Temos os que defendem fortemente o livro físico, para aqueles que defendem até à morte o eBook. Exagero ou não, a questão é importante. Não só por o que vos falei na publicação mãe, como pelo facto de a leitura parecer cada vez mais um luxo, estando, também em consequência disso, em declínio.
O Público partilhou este ano uma notícia desprezível, contando com o seguinte título:
Prefere ler em papel ou no ecrã? A ciência responde: há uma “superioridade do papel”
Ler em papel é mais eficaz do que ler em formato digital, sobretudo quando se tem o tempo contado. Estudo em que foram analisadas as respostas de mais de 170 mil pessoas alerta que é preciso pensar este problema no contexto de sala de aulas. Nos livros de ficção, a diferença é quase nula.
Eu amo a ciência, mas o curioso aqui é que este estudo foi feito relativamente à comparação entre ler um livro físico, ou em papel, e um em computador. Sim, um ecrã de computador (e a notícia refere a importância de se fazer um estudo que compare os PC´s, com os e-readers). Mas sabem porque achei a notícia desprezível? Por termos editoras que a partilharam. E isto, isto é feio. Terrível.
Sou crente que, e relativamente à notícia, o papel é fantástico e funcional no ambiente escolar. Ajuda na concentração, no sublinhado e no processamento da informação. Compreendo também como o ler ficção já seja uma temática diferente. Porém, como é que podemos ter grupos editoriais em Portugal que com estas partilhas, parece quererem afastar os leitores?
O engraçado disto vem quando se acrescenta um fator… Não sei se se lembram de ter referido que a Bertrand era agora o meu local de compras preferido em detrimento da Wook. Pois bem, isto acontece por a Wook só vender e-Books que sejam para leitura usando a aplicação deles: ou seja, um smartphone ou um computador. Contrariamente, a Bertrand permite que seja lido usando o Adobe Digital Editions, e com isto ser transferido para um e-reader. Sendo que a Porto Editora é dona da Wook, torna-se bastante fácil compreender o porquê disto, não é?

https://diogoafsimoes.blog a 18 de março 2019
Se aliarmos este monopólio a uma luta que as editoras têm contra baixar os preços dos e-Books ao ponto de os vender quase ao mesmo preço que um livro, não me admira que o mercado literário esteja em declínio. Que ao invés de se usar a tecnologia para atrair os jovens e adultos, a ataquem. Mas a verdade é que as empresas fazem muito isto, não é? O que é que isto leva? A que parte da minha geração e futuras, fruto do domínio do inglês, comece a comprar lá fora, ao invés do que as editoras por cá publicam. Um exemplo pode ser o livro IT, do Stephen King e publicado pela Bertrand. A sua versão original eBook custa
6,49€, e em Portugal, se uma pessoa o quiser ler em e-Book terá de dispender de 29,98€ (Parte I e II – 14,99€/cada). Eu sei que há custos associados de tradução, mas estamos a falar de um ficheiro digital… como é que isto é possível acontecer?
Leitura Sugerida: Será que ler se tornou um luxo?
Não estou aqui a querer atacar o livro físico e dizer que um eBook é melhor que este ou vice-versa. Estou sim a defender a literatura e de como parece que os grupos editorias não querem saber disso. Penso que seria deveras interessante o Ministério da Educação pegar na sua livraria do Plano Nacional de Leitura, e o tornar disponível em eBook. Fazer com que seja acessível aos jovens. Fazer com que aquele fruto proibido nas escolas – a tecnologia -, passe a ser o mais apetecido pelas melhores razões. Porque no final das contas não deveria de importar onde se lê e como se lê, mas sim o se ler! Será com isto preciso que esta guerra ocorra?O que acham disto?
Republicou isto em Olhos Castanhos Com Linhas.
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