O que fazia “antes” da Internet?

Foi em dezembro que larguei esta pergunta na minha área de rascunhos, e até hoje, deixei-a lá. Nunca encontrei a altura certa para refletir sobre ela, mas acabei por perceber que acaba por ser uma resistência da minha parte. De refletir sobre algo porque passei parece já fazer uma eternidade.

Isto levou-me a reformular: o que fazia eu quando havia internet, mas não era acessível? Porque sim, a Internet existia na minha infância mas estava longe de ser o que é hoje por meio da sua acessibilidade. Aquilo que havia era sim uma consciência de que havia algo giro por onde navegar e fazer trabalhos para a escola. Mas é nesse resto que me vou focar.

Quero nesta publicação pensar em como andava de bicicleta sem parar por Leiria, sem o receio de cair porque havia uma liberdade e alienação indescritíveis. Não passava o tempo a ler, já que nessa altura ainda não o gostava de fazer, mas via filmes, desenhos-animados, e não tinha medo de brincar e estar comigo próprio neste mesmo espaço individual. E sabem o que mais gosto e sinto saudades? Quando queria ir ver um amigo, bastava aparecer na sua casa. Quer fosse por meio dos pais, a pé ou de bicicleta, não havia cá confirmação de mensagem lida ou não. O que existia era uma porta a abrir-se ou não. Existia um gosto muito característico em se estar com as pessoas, em telefonar a alguém e falar. O preço das chamadas e SMS eram caríssimos e longe da liberdade de hoje, mas eram mais pessoais. Relevantes!

Íamos passear, e estávamos atentos a tudo. Se queríamos ouvir musica andávamos com um MP3/4, que em nada atrapalhava a nossa perceção do mundo em redor. Não havia bem aquele sentimento de perigo ainda da rua, mas sim algo que é normal. O mesmo para trabalhos escolares, em que havia a preocupação em se reunir no espaço escolar, nas bibliotecas. Algo que hoje em nada se assemelha ao que se faz. A Internet veio para simplificar a vida e abrir horizontes, mas parece que acabou com alguns e colocou algumas barreiras à socialização…

Atenção, não estou a criticar a Internet, se não seria hipócrita de mim estar a ter um blog. Estou sim a pensar em mim próprio como foi essa minha realidade, e o de como se torna cada vez mais fácil compreender por vezes as posturas dos meus pais e avós.

Adoro a Internet, mas penso que tenho de admitir que viver na sua época é um autêntico desafio e uma descoberta que faço diariamente.