Trabalhar a confiança enquanto (novo) autor

Gostava de poder dizer-vos que escrevo esta publicação durante uma reflexão num dia chuvoso, acompanhado por um qualquer chocolate quente de uma das marcas mais conhecidas. Mas isso não acontece. Estamos em setembro, está um calor infernal, e no meio da correria da vida deu-me para vos escrever sobre isto. O título delimita quase que o público-alvo, já que estas ideias são também aplicáveis a mim. Porém, para quem está a começar, poderá ser um novo ponto de reflexão e, quem sabe, de viragem.

1 – Escreve

Pode parecer ridículo, mas só se tem noção da nossa falta de confiança na escrita, ao escrever. E é ao escrever que, ou a combatemos, ou ganhamos consciência. Escrever é assim fundamental quando queremos alimentar as nossas crenças de capacidade.

Escrever, escrever, escrever. Nem sempre sai, ou vai sair, algo digno de partilhar. Ou mesmo que o partilhem, poderão vir a arrepender-se mais tarde. Mas isto, esta consciência, é algo que só ganham com a prática. Depois disto é toda uma capacidade de sermos críticos connosco e saber avaliar, com confiança, onde e como podemos melhorar.

2 – O que queres?

É fácil olhar para um texto, um conto ou um manuscrito, e acreditarmos que o trabalho que ali depositamos, nada vale. Isto até pode ser verdade. Porém, olhar por um outro prisma: de forma otimista, pode facilmente elevar a nossa autoestima. Não gostamos porque fugimos ao tema? Porque não faz jus ao nosso pensamento? Porquê? O que me levou a desviar do caminho? O que me levou a aldrabar as minhas ideias? Saber o que queremos com cada trabalho nosso, as suas razões e, eventualmente, como o poderemos fazer, pode dar-nos as ferramentas de certeza necessárias para não sermos tão negativos.

3 – Esquece os outros

OK, é preciso muito cuidado com este título. Os outros são fundamentais no nosso trabalho. É por meio de opiniões de terceiros – quer diretos, como indiretos – que ganhamos a perceção da nossa escrita e de todos os pontos fortes e fracos. Porém, olhar muito para os outros durante o processo pode deitar-nos abaixo.

É muito comum esquecermo-nos que “o outro” tem uma opinião e vivência diferente. Desta forma, apresentarmos uma ideia nem sempre gera o impacto que queríamos ou antevíamos o que pode deitar por terra a nossa capacidade e força de vontade para a escrever. Referi no ponto anterior da importância de nos interrogarmos a nós mesmos, pelo que se acreditamos na nossa ideia, temos de confiar nela. Em nós.

4 – E se correr mal?

Muito sinceramente? Que se lixe. Porquê? Porque os nossos computadores têm a fantástica tecla de apagar e “delete”. Se estas não forem as indicadas, temos ainda as opções de movimentar palavras, textos ou capítulos. Em suma: se correr mal, tu tentaste. Mas sabes uma coisa? Ainda vais continuar a tentar.

Uma folha escrita não significa trabalho findado.

Podes ler, reler, pensar. Interrogar. Se escreveste, sabes o que queres daquela ideia ao ponto de esquecer o mundo por uns segundos e te concentrares no que te levou a escrever. Acredito que a confiança será o motor de que precisas.

5 – Os teus olhos

Como último ponto, e o que indica o sucesso deste caminho, é a capacidade que dás aos teus olhos. O confiar neles para reverem o que acabaste de escrever. De olhar de forma crítica, imparcial e construtiva. Sem medo de depender de nós e termos o à vontade para nos criticar sem derrubar a confiança que aquele trabalho nos deu.

Claro que nada disto é linear. Que há muito sub-ponto que poderia estar incluindo nestas cinco divisórias. Mas todos eles são trabalhados. Com tempo. O que escreves, tem valor. É único e baseado nas tuas/nossas inspirações. Já vos falei do que é uma ideia e de como rever, assim de todo o sofrimento de um autor, pelo que se pensam que nunca me falha a confiança, estão enganados. Porque acontece, e por vezes é preciso refugiar a minha sanidade para voltar aos eixos e confiar em mim.

Respostas

  1. Avatar de Ana Ribeiro

    Adorei este post! Infelizmente, a experiência negativa com a última editora abalou a minha confiança. Desde o último livro que decidi parar para pensar. Será que isto de escrever e publicar livros vale a pena? O mercado competitivo e as inúmeras editoras vanity fizeram-me parar. Parece que dei tudo o que tinha no último livro e nada sobrou. A inspiração fugiu.

    Beijinhos.

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    1. Avatar de Diogo Simões

      Olá, Ana!
      Infelizmente, é uma realidade enorme. Na verdade, por tão falares disso, vou mesmo agora escrever sobre o tema.
      Acho que o segredo é, lá estar: acreditar em primeiro lugar que o fazemos para nós. Que a história é nossa e acreditamos nela. Se começarmos por ai, pode ser que parte do caminho seja mais fácil. Não toda, já que o mercado tem os seus fantasmas, mas pode ser um começo.

      Beijinhos

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  2. […] de agradecer à Ana Ribeiro por, com o seu comentário na publicação sobre a confiança enquanto autores, me ter dado a confiança numa publicação como esta. Mas, e verdade seja dita, ela era precisa. E […]

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