Estamos em outubro e, por mais que as temperaturas nos deem indicações meio que contrárias, muita coisa já aconteceu neste ano. O tempo realmente passou e estamos a meros dois meses de nos despedir de 2019. Porém, deixando esta nostalgia de parte, muita coisa me aconteceu até este preciso mês, e ter cabeça para me organizar tem sido uma, e salve redundância: verdadeira dor de cabeça.

Já sabem que tenho a minha tese, assim como o blog. São as “faces mais visíveis”. Todavia, este ano, fiz ainda voluntariado para uma associação de Matosinhos e, por correr tão bem, entrei numa sociedade alusiva a casas para férias: as Casas de Turismo. Não osbtante, comecei a escrever um novo livro, a planear outro, a escrever para uma revista de cinema e ainda a trabalhar. Nada disto foi fácil, em especial quando tenho a necessidade de ter de ir a Leiria – a casa -, ou a Lisboa, por questões editoriais.

Há muita coisa a sair sacrificada neste jogo, como o tempo para ver as minhas amadas séries, ler mais, e estar com aqueles que mais amo de uma forma mais intima. Porém, confesso que não saberia o que era de mim sem estas atividades todas, pelo que pensei em escrever-vos esta publicação. Em dizer-vos como me tenho organizado para que vocês, se estiverem a passar pelo mesmo, saberem que não estão, de todo, sozinhos.

Agenda

Nunca fui fã de agendas. Ou melhor: a minha relação com as agendas era como a que eu tinha em pequeno com os livros. Adorava ter uma com uma capa apelativa e andava com ela para todo o lado. Contudo, com a passagem do tempo, era só um monte de folhas que andava a rebolar pela casa, caida em esquecimento com datas a serem apontadas nos cadernos escolares. Tentei sempre gostar delas: quer no secundário, como na licenciatura. Todavia, foi com o mestrado que isso mudou de figura. Com aulas e trabalhos mais espaçados e com as minhas idas a Leiria de duas em duas semanas, tinha de ter uma forma de ver “o quadro geral”, e não somente a vista semanal. Rapidamente me encanetei – novamente – com as agendas da Moleskine e desde então têm ficado comigo.

Uma agenda não tem necessariamente de ser um diário. Não temos de preencher todos os dias nem passear com ela. Mas apontar as coisas importantes, quer seja numa agenda, num bloco de notas ou até no telemóvel, é fundamental. O que tenho feito é usá-la no sentido de antever o que vai acontecer, e desta forma planear o mais possível certas atividades.

Perspetivar

Saber o que vai ou o que queremos que aconteça é fundamental. Não me adianta ter a noção de que terei de fazer uma determinada coisa se depois não a fizer em tempo útil ou em janela de oportunidade única.

Aliando a agenda à perspetiva, tenho conseguido apontar os dias em que agendo publicações para as Casas de Turismo e a minha página de autor, ambas no Facebook. Fazendo de domingo a domingo, é uma forma de aliviar a carga de trabalhos nessa semana e, ao não estar a perspetivar por duas ou até o mês todo, consigo adaptar as publicações ao que vai acontecer. Por exemplo: se agendar de domingo a domingo, tenho um total de 7 publicações. Uma por dia. Todavia, se por qualquer razão tiver de acrescetar uma e que fuja ao plano de publicações, tenho só de mexer nessas 7 publicações, ao invés de estar a mexer, quiçã, no dobro ou triplo das mesmas. Claro que poderia ser feito, mas quem me garante que nas próximas semanas a situação não se repete ou que entrarei em alguma época especial de promoções ou eventos?

Isto tirou-me imenso trabalho e preocupação, sendo também uma forma de saber que tenho uma determinada hora da manhã de domingo para tratar de algo que fica pensado para toda a semana.

Fonte: Pinterest

Definir horários

Para além dos horários das publicações, os horários estão em todas as nossas vidas. Ao ir quase que todos os dias ao ginásio, sei que pelo menos uma hora e um quarto da minha vida fica destinada para atividade física longe do mundo. Ao começar a trabalhar, mesmo sendo por turnos – o que é ótimo – sabia que se queria ter tempo para ler, para escrever e para a tese, tinha de adiantar algumas coisas. O almoço é um bom exemplo disso. Acabei por o adiantar ligeiramente (e fazê-lo a horas), ao ponto de ir para o trabalho e ficar, pelo menos, quinze minutos a ler. E é ter este tempo de sossego e antes de algo stressante que me ajuda no humor e em ter, posteriormente, vontade e ideias para escrever.

Porém, reconheço também a importância do ginásio. Uma vez que faço exercício só com uma garrafa de água, uma toalha e a minha cabeça, acabo por nessa hora descansar. Mesmo que me sinta depois exausto dos músculos, consegui arrumar ideias e espairecer da rotina. Isto para mim é fundamental, e talvez o maior segredo. Desta forma, se estiverem presos a rotinas ou projetos, pode ser uma boa ideia arranjarem “o vosso ginásio”. Quer seja em caminhadas, uma ida a um café, uma leitura. Algo que vos faça estar só com vocês. É ótimo para a nossa saúde mental, paciência, ideias, vontade e humor.

Mas vou dar-vos um exemplo ainda mais prático: estou a escrever esta publicação a 2 de outubro, para sair na próxima semana. Já tinha pensado nela há uns meses, por uma ideia da Sofia. Comecei a metê-la em prática assim depois de vir do ginásio, sabendo que teria a manhã da minha folga dedicada a projetos pessoais. E a tarde? Bem, vai ser passada a reler o que tenho da tese, corrigir e reestruturar o necessário. Com sorte, no final do dia, consigo ir dar uma volta pelo Porto.

Tempo. O tempo é fantástico e, muito provavelmente, a palavra mais dita à face da terra. Mas ter tempo para nós é, na verdade, o grande segredo.

O outro lado da moeda

Infelizmente, nem sempre isto acontece e vou divagando. A internet também pode ser uma inimiga numa altura em que procuro tudo para me distrair um bocadinho. Esta semana, por exemplo, só consegui ler a sério por três dias, ao invés de 5, mas em contrapartida consegui adiantar publicações para o blog. É sempre um jogo. Nem sempre calha a meu favor, mas ter consciência do tempo e do que é importante para mim naquele momento é, sem dúvida, uma forma de me motivar.

Um exemplo claro do que mais tem saído afetado é a tese e o meu novo manuscrito. Porém, o que fui fazendo para a tese foi alternar entre ir e não ir ao ginásio. Nos dias em que não ia, lia artigos científicos para que, na minha próxima folga, conseguir estar o dia todo dedicado à sua escrita. É um processo moroso, e um dia pode muito bem resultar só em três páginas escritas. Mas sabe bem. É ótimo. Especialmente por ser uma forma de completar diferentes estruturas da dissertação e deixar espaço para as próximas. Como tenho também o (excesso de trabalho) da minha orientadora para ter em conta, esta ginástica tem até corrido bem.

Porém, quando se tem tanto lugar para escrever: seja críticas de filmes, para o blog, para a tese e para o manuscrito, ter tempo para mudar o interruptor para um diferente estilo de escrita, é difícill. Escrever para todos esses sítos é diferente. A forma como eu aqui escrevo é diferente dos meus livros, da minha tese, e até das críticas de cinema. E fazer esta ginástica dá câimbras. Nem sempre me apetece, mas é o convívio com os outros, e essa inspiração, que me permite continuar.

E o manuscrito?

Sendo o meu blog voltado para a escrita, não podia ir sem vos falar de como é conciliar com a escrita de um manuscrito. Já vos disse diversas vezes nesta publicação que não tem sido fácil. Porém, se o amor pela história for grande, como o é, lembrar-me de onde fiquei, das ideias e dos momentos que queria criar, torna-se fácil. Apontar em post-its tem-me igualmente ajudado a lidar com este lado criativo. Mas o dilema é mesmo o ter paciência depois para meter tudo isto em prática. Tento ao máximo não me organizar em demasia ao ponto de estar depois a sobreviver e não a viver, mas muito provavelmente é o que terei de fazer…

Para quem não sabe, o meu próximo livro a ser publicado foi escrito, no total, em quatro meses. A escrever obrigatoriamente um capítulo de segunda a sexta, para depois rever ao fim-de-semana, tornou-se na maior e melhor planificação que fiz e que, sem dúvida, deu os seus resultados. Uns que verão em breve.

Em suma, e se estão a experimentar algum caus nos vossos projetos: não estão sozinhos. A minha rotina tem funcionado para mim – por agora -, mas pode não funcionar para ti. E isso é normal. Mas talvez perceber o que falha no que estou/amos a fazer, pode ser uma ajuda para dar aqueles tweak que tanto precisamos.

3 thoughts on “Como me organizo e sobrevivo a diferentes projetos

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