Sempre me considerei otimista. E mesmo que consiga ver todos os lados negativos e a que eu próprio me queixe, sempre vi isso como um alívio para ir buscar energia e pensar em alternativas ou coisas que iriam acontecer. Na verdade, eu próprio funciono muito pela máxima de “dormir sobre o assunto”. E isto acontece tanta vez, que quando acordo no dia seguinte, dou conta do quão estúpido foi o meu pensamento/ideia/ comportamento.

Porém, nem sempre esta energia que me faz avançar aparece, e uma estranha calma se apodera de mim. E isso, para mim, é sem dúvida um dia “mau”. Mau não num sentido literal, já que aquilo que cabe na palavra é mais que abrangente; mas antes num sentido que me faz vaguear pela casa, procurar atividades confortáveis e até mesmo desejar que se instaure a rotina aquando da hora do trabalho.

Comecei a trabalhar pela primeira vez (a sério), só no passado mês. Todavia, pergunto-me a mim mesmo se é esta rotina de mudanças que me fez ter este dia. Sonos trocados? Atividades mais adiantadas que o habitual? São diversas questões, mas é um facto: o ter uma rotina, é também sinónimo de que algumas partes da nossa vida se comecem a establecer. A assentar. Claro que não estou a culpar a rotina do trabalho. Isto acontecia-me na licenciatura, no mestrado, e até com a minha própria tese, com um calendário tão volátil quanto a minha vontade e da orietadora. O que acontece é mesmo que não sou, nem ninguém é, invencível, e mesmo amando tudo o que estou a fazer, parece que eu próprio consigo só despertar em alturas específicas do dia.

Mas o que fazer?

A resposta é, na verdade, muito simples. Muito longe de sugestões como dormir, fugir da rotina ou ir de férias. Para mim, o segredo é ter tempo para as outras coisas que me completam e fazem parte de mim. Tomem esta publicação como exemplo. O escrever ajuda. A pensar. Intelectualizar, e dar conta de que é só o cansaço a dar as caras, e que dentro de horas tudo volta ao fulgor inicial. Mas o ter pequenos intervalos de tempo para ler, para ir ao ginásio, são também elementos que me ajudam.

Esta semanam, por exemplo, mesmo não tendo tido tempo para ir ao ginásio ou ler com rigor, consegui dedicar bastante tempo à tese e ainda avançar com mais um capítulo no meu Next Next One (a abreviatura que dou ao livro que irá, eventualmente, sair após o próximo a sair). E isto, mesmo que tenha sido algo que goste, tirou-me antes uma energia mental, faltando a ausência do ginásio para tornar a balança equilibrada.

Isto é uma lição?

Não sei. O que posso dizer é que ao terminar esta publicação, tenho um sorriso na cara. Não só porque cheguei ao fim de valar com vocês, como dou conta como ainda tenho uma tarde recheada pela frente, cheia de interações com os outros – algo que adoro.

Mas dias maus existem. E mesmo que tenha a sorte de nunca ter passado por nenhum, há quem passe. Todos os dias. É importante falar disso, de desmistificar a ideia que um ser humano não pode ir abaixo, e saber ter espaço para nós mesmos. Para um passeio sem destino, só moldado pela nossa vontade inconsciente. Ela irá encarregar-se de nos levar a bom porto. Acredito nisso.

3 thoughts on “Quando dias maus aparecem…

  1. Os portugueses não lidam bem com os dias maus e muitas vezes fazem por descarregar isso nos que são mais próximos. Há que pensar, como bem dizes, que há pessoas a passar dias bem piores. Por isso temos que tentar encarar esses dias com mais positivismo, mesmo que por vezes seja difícil.

    Beijinhos!

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    1. Concordo imenso. A sociedade portuguesa é, em si, muito pragmática e pessimista. Lida mal com a tristeza e o sucesso, quer seu quer dos outros. Lidar de forma otimista e positiva é o segredo para tudo. Quer para nós, nós com os outros e os outros connosco.

      Beijinhos!

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