Olá, leitores. O QUE NOS MAGOA está à venda desde o dia 14 de dezembro, e face ao grande interesse, decidi adiantar este segmento. Nele vão poder mergulhar na narrativa e do que foi escreve certos elementos textuais. Tenham em conta que tudo o que for aqui refletido poderá revelar detalhes da narrativa! Avancem por vossa conta e risco.
A seguinte publicação é um ramo da rubrica “Por Detrás d´O que nos Magoa“. Este segmento poderá incluir detalhes e segredos das narrativa para aqueles que ainda não leram a história.
«Sei que “nunca” é uma palavra forte, mas é o que agora sinto. Como se “aquilo” por que lutei durante toda a minha vida fracassasse. Novamente! Desde pequena vivera numa bolha perfeita com a minha mãe. Mãe-galinha que era, cresci com a sua proteção banhada em amor. Carinho. Afeto. Construiu um mundo seguro para mim, do qual consegui crescer. Ser a rapariga que hoje sou… Mas não ter o meu pai por perto, algo que me incomodava como uma melga no verão, era assustador. Sentir que não tinha aquela figura que, como acreditava em pequena, me ia “proteger do mal”, fizera-me crescer com uma certa paranoia por esta “bolha” segura.» – Prólogo, em O QUE NOS MAGOA (2019)
Estando Francisca na sua adolescência, a conceção e crença nas palavras de nunca, odeio, amo, detesto, é rigorosa e assume um peso importante. O discurso de um jovem, sendo pautado pela assertividade e crença de que se sabe tudo, foi motor para o começo de uma narrativa, por si só, não igualável – e definido pela sociedade – à de um jovem “comum”. Acontece que Francisca, ao ter crescido numa família monoparental, sem o seu progenitor masculino, foi sendo influenciada pela crença popular da figura do sexo masculino. Na verdade, e atendendo a que no desenvolvimento de um indivíduo o fundamental passa por um crescimento ecológico, isto é: em que o jovem recebe atenção nas esferas afetivas, educacionais, de saúde e educação, o desenvolvimento ocorre de forma normal ao nenhuma destas esferas ser violada. Porém, quando existe a incerteza da fase da adolescência aliada a uma sociedade que facilmente julga e aponta o dedo a quem não se encaixa na “norma”, crescer pode ser um desafio.
Francisca cresceu assim moldada pela sua mãe, que tentou sempre escudá-la contra estas incertezas e olhares duvidosos da sociedade. No entanto, quando até estas representações se encontram no cinema, na sua representação, e ao atribuir à figura do progenitor masculino o elemento de proteção no agregado familiar, Francisca ao passar por um trauma na sua idade pré-adolescente, sofre um tombo. Tudo o que ela acreditava é posto em causa, e surge a necessidade, não só de resolver o seu passado, como atribuir alguma culpa ao que ela não conhece.
Além disso, aquilo que mais procurei ao escrever este parágrafo num momento tão inicial da história foi dar ao leitor a conhecer o que é a personalidade mutável de um adolescente. De como a dúvida, incerteza e a entrada no mundo adulto podem ser assustadores. Quer seja com o contacto com o amor, a amizade, a morte ou até outro evento marcante/traumatizante, o jovem sentir-se violado na redoma em que foi criado é mais que facilitado. Exemplos ainda mais palpáveis e encontrados diariamente são visíveis nas redes sociais. A ideia de utopia é facilmente criada com a internet, sendo a sua violação um processo doloroso para qualquer jovem.
Francisca não sofreu com a internet, é certo. Mas os receios de enfrentar um novo mundo fazendo parte de qualquer indivíduo em crescimento, foi a melhor forma que encontrei para começar O QUE NOS MAGOA.
Olá Diogo!
Não cheguei a comentar estes posts porque me fazia sentido fazê-lo depois de ler o livro, sendo mais fácil de perceber. Decidi agora vir ler com mais atenção, vou gostar de saber mais detalhes do desenvolvimento dos capítulos.
Um beijinho!
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Espero que gostes destas novas desdobrrtas. Beijinhos 😘
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