Estamos em dezembro. São estas três palavras que tenho vindo a repetir ao longo dos últimos dias. A verdade é que me custa a acreditar que aqui chegámos e, para ser sincero, não sei como o fizemos. Como “o fiz”.

Sabemos que este ano está a ser muito, muito diferente daquilo que esperávamos. Acredito que 99% da população fosse ver este virar da década (ou findar, como defendem alguns especialistas) como algo único. Talvez até irreverente e bombástico. Pois bem, acabou mesmo por o ser, mas não da forma que esperávamos…

O que aconteceu ao Tempo em 2020?

Somos humanos. Seres sociais. Vivemos habituados a celebrações. A datas. A olhar para um calendário e ver mais que uma segunda-feira sôfrega. Perceber que por mais que o iniciar de uma semana fosse penoso, dentro de umas X semanas iria acontecer algo fantástico. Quer este “algo” fosse a estreia de um filme, um concerto, um aniversário, um jantar de família ou simplesmente um dia para beber copos com a malta, as nossas vidas eram assim regidas. Por estes episódios temporais. É certo que alguns destes eram inesperados, como o decidir ir dar uma caminhada à beira-mar ou, como agora, passear nas ruas das nossas cidades e ver as luzes de natal.

Somos conhecidos pela dependência que temos dos outros ou até dos locais e atividades. Todavia, quando tudo isto ficou suspenso com uma pandemia, a nossa perceção do tempo ficou completamente alterada. Deixámos de ter celebrações de aniversários, convívios com familiares ou amigos. Ir ao cinema virou um luxo, ou risco, dependendo da perspetiva. Passear pela rua parece algo ameaçador, qual praga de mortos-vivos. Mas foi o que aconteceu e o que me levou a compreender o porquê de não me ter apercebido de ter chegado ao mês de dezembro. Melhor: a ter a noção de que em menos de um mês estaremos num novo ano.

É preciso um reboot

Não sei até que ponto a minha vida será influenciada por este ano, mas de uma coisa sei: preciso de ser reiniciado. De sentir que estou num novo espaço-temporal. Vivenciar a passagem de ano num sentido quase molecular. Dar ao corpo a perceção de que é um novo ano e que poderei voltar a uma rotina “normal”. Que a humanidade possa voltar a encontrar-se. A celebrar.

Isto parece uma utopia, sou sincero. Nem consigo imaginar como será um discurso feito pelo Primeiro-ministro e Presidente da República quando tudo isto acabar. Independentemente disto, em 2021, espero conseguir arranjar novos marcos e conceções de tempo que me ajudem a perceber como o tempo passa e, consequentemente, as situações também.

Também sentiram que o Tempo teve, este ano, uma conotação diferente?

One thought on “2020: O ano em que se perdeu a noção do Tempo

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