Estou a rever as mais de trinta publicações que tenho em rascunho (na verdade, são somente 31, mas fica sempre bem este tipo de construção) e a constatar que, de duas, consigo fazer uma. Uma refere-se a como ler no meu blogue e, a outra, a uma pergunta mais filosófica: o porquê de ter um blogue.
Apesar de ainda me lembrar da ideia por detrás dessas publicações, as mesmas parecem conseguir convergir na publicação que hoje vos trago. Uma que não passa de um desabafo. Um normal. Quiçá cliché. Provavelmente já alguém, neste vasto mundo, falou disto. Mas como uma voz nunca deve ser silenciada, decidi traduzir as palavras que me vão na cabeça quando olho para o meu blogue. Para este meu espaço, como tantas vezes referi.
Onde tudo começa
Acredito que tu, muito provavelmente, já pensaste em ter um blogue. Desta suposição, acredito que talvez até metade dos que já pensaram em ter um blogue, o fizeram. Concretizaram com pompa e circunstância. Passaram horas a escolher o nome, a imagem. O que iriam escrever, como o iriam escrever ou, até mesmo, como o ilustrar. Pensam se o vão mostrar ao mundo todo ou, por ventura, mantê-lo privado, qual diário. Isto parece tão complicado que, muito provavelmente, ao fim do primeiro mês já se começam a desleixar. Talvez ainda, ao fim de um ano, já nem alimentam o blogue com novo conteúdo. Isto pode parecer um mau romance, mas já me aconteceu. Na verdade, acontece a muito, mas a muito criador. Mas porquê?
As engrenagens que fazem mexer o motor
Ter um blogue, para quem lê um, parece fácil. Certo que o autor teve de escolher a plataforma e o nome, mas é só isso, certo? Errado.
Sim, escolher onde vamos alojar o blogue pode ser fácil, mas num mundo onde diferentes ofertas existem, importa pensar naquela que queremos para nós. Para o que vamos transmitir. Escolher o nome pode ser giro, mas o certo é que temos de pensar no futuro. Não temos de ser tão proféticos, mas importa refletir no que queremos vir a mostrar/contar no nosso espaço e ter um nome, endereço e design que se consigam ajudar a eventuais mudanças.
Reparem neste exemplo: são escritores e, até ao momento, só escreveram thrillers. Criam um blogue alusivo a isso e com um endereço alusivo a algo marcante dessas histórias e que vos caracteriza. Porém, dois anos depois, com uma marca, imagem online e estatísticas satisfatórias, publicam o primeiro romance. Iriam sentir-se com a necessidade de criar um novo blogue? De ter de alterar por completo toda a dinâmica do que têm? Por vezes isto pode fazer sentido. Noutros casos, nem tanto. Em especial quando o nosso nome, quer tenhamos 100 leitores mensais ou 5000, já atingiu um certo valor e mensagem comercial online.
São estas escolhas que fazem o blogue correr sem problema. É o saber se estamos dispostos a pagar para remover publicidade para os nossos leitores terem uma leitura confortável ou, em alguns casos, até mesmo em temas pagos e que nos permitam ter personalizações únicas. Claro que nada disto existe sem o verdadeiro trabalho. Aquele que é praticamente diário e alimenta, ou alimentará, cada uma das decisões: o conteúdo.
O motor
Sim, a personalização é a porta de entrada e que poderá ajudar o leitor a permanecer no nosso blogue. Mas, sem conteúdo e por mais cor ou tema “chique”, o motor pode esmorecer.
Escrever dá trabalho. A publicação de um artigo dá muito, muito trabalho. Posso dar-vos o exemplo desta mesma publicação. Como comecei por dizer, a mesma é resultado de duas que tinha nos rascunhos desde 2019. E, mesmo sendo uma ideia que tinha em mente, comecei a escrever esta publicação no início da tarde de ontem e, só agora, no final do dia seguinte, é que a termino. Por isso…, ya, escrever para aqui dá trabalho. Há muita coisa que tem de ser pensada e a própria disposição tem de estar em linha com a imaginação.
Tenham em atenção que vos dou o exemplo de uma publicação cujas ideias estavam já pré-fabricadas. Conseguem agora imaginar como é “ter as ideias”? Falo por mim: é muito fácil lembrar-me de uma ideia para, mais tarde, a desenvolver. Acontece que, algumas vezes, ideias que me parecem frescas são, na verdade, como que reciclagem de publicações passadas e cujo tema já desenvolvi. Isto, desde logo, obriga-me a reformular o pensamento e procurar novas perspetivas para aquilo que vos quero trazer e que vá em linha ao que tenho feito. Nem sempre é linear ou prazeroso, mas faz parte do trabalho. Do querer gerar esta continuidade e explorar coisas que, mesmo não me parecendo à primeira, são-me importantes.
A manutenção do circuito
Não sei porque estou com tanta analogia a mecânica, mas o certo é que se não existir uma manutenção do nosso circuito interno, isto é: na nossa capacidade de descanso, organização e respeito pelo nosso trabalho, todo o motor – o blogue -, não aguenta. O blogue consegue estar ativo pela plataforma que o aloja. O tema e publicações passadas conseguem suster o coração do mesmo e aquilo que foi sempre passado para o leitor. Porém, se não reconhecermos que se tratarmos este gosto como uma obrigação, podemos deitar tudo a perder.
Acredito que muitos blogues deixem de ter novo conteúdo por isto mesmo. Por os seus criadores se terem esquecido de que é precisa autenticidade para lhes dar vida. Ter o gosto por o que escrevemos também, obviamente, mas por vezes, no acreditar que temos de publicar diariamente, ou sempre de uma “mesma forma”, ou estilo, não só nos pode limitar como dificultar o nosso trabalho. Este trabalho! Em especial quando o cansaço também nos atinge e, nem sempre, a sua gestão se torna profícua para nós.
Então, o que fazer?
Sermos verdadeiros. Únicos. Ter respeito pelo nosso percurso e compreender até que ponto existe oportunidade para “mudar” ou transformar. Algo especialmente válido para aqueles que, com o blogue, procuram formas de o rentabilizar.
Olá Diogo,
Esse é um desabafo sempre válido. Realmente não é fácil, muito menos se manter ativo, mas acho que quando há essa verdade, há prazer também de estar nele e acaba valendo o trabalho.
Beijo!
http://www.amorpelaspaginas.com
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