Muitos não sabem, mas quando há quatro anos renovei o blogue, tinha o desejo de, num futuro, vir a trazer conteúdo do meu meio profissional para aqui. Quase como um diário daquilo que ia lidando ao trabalhar com pessoas e diversas causas sociais. Isso acabou por não acontecer, ao dedicar-me a desenvolver essa vertente nos meus livros.

Hoje as coisas mudaram e, pelos quase dois anos em que tenho trabalhado numa casa de acolhimento para jovens, decidi trazer para o blogue o que tanto refleti e estudei no que toca à arte (a escrita) como intervenção no meu mestrado, para aquilo que, efetivamente, ponho em prática no trabalho.

A escrita como intervenção

Esta rubrica que apresento agora aparece para ajudar todos aqueles que procuram a escrita como uma forma de pensar, abstrair e refletir. Apesar da grande parte destes exercícios terem sido aplicados em contexto laboral, eles são possíveis de executar em qualquer situação e para qualquer público. A cada publicação desta rubrica irei revelar novos e com as reflexões possíveis de fazer.

#1

Os meus sonhos

Dos trabalhos escritos mais simples e ambiciosos passa por desafiarmos o outro (ou nós mesmos) a apontar em papel os sonhos. O objetivo é ir mais além e sabermos ser sinceros com o teclado ou caneta ao revelar aquilo que realmente gostávamos de fazer e/ou ter. Esta atividade é ótima para qualquer idade, visto que cada faixa etária terá uma perceção diferente do mundo pela forma como o interpreta e recebe.

Este exercício específico permite um debate enorme e inspirado no que foi escrito. Torna-se possível de refletir no futuro e de que forma algumas dessas ambições podem começar a ser trabalhadas no presente. Também ajuda a perceber parte do passado, visto que muitas motivações advêm de experiências ou contactos passados.

Quando for grande gostava de…

Em linha com o exercício passado, pensar no futuro torna-se das coisas mais divertidas e difíceis de fazer. Com uma dificuldade que aumenta com a idade, ao pensarmos no que queremos fazer ou ter ao sermos adultos, este exercício permite-nos fugir (e dependendo da idade) à abstração dos sonhos e “jogar pelo seguro e real”.

Com diferentes interpretações e resposta dependendo da idade e da relação que a pessoa tenha com a ambição e escola, este exercício poderá ajudar a revelar os próprios gostos da pessoa e a assentar algumas ideias. O confronto com o possível e impossível também deverá ocorrer.

Carta para mim mesmo

Talvez dos exercícios mais complexos e que atuam nesta linha de concetualização e conceitos abstratos. Este exercício consiste na pessoa escrever uma carta endereçada a si mesma e que deverá “abrir e ler” ao fim de (pelo menos) um mês. Este exercício, sendo ideal para um público mais jovem e adulto, permite trabalhar diversas componentes pessoais.

Como guia do exercício temos o uso da criatividade, da imaginação e do treino da língua portuguesa ao recorrermos à forma de uma carta. Após isto, será interessante a saudação e descrição do ambiente e estado de espírito, bem como o que a pessoa tem feito ultimamente e que tipo de conflito tem tido para com os outros ou si mesmo. Este conflito, claro, tanto pode ser ao nível externo — com os outros, com o meio que contacta —, como dificuldades em lidar com algum tipo de situação/acontecimento. Procura-se elaborar estes pontos para depois se passar para a despedida. O interesse na atividade (que pode provocar dores de cabeça), é na sua leitura, tempos mais tarde, onde a pessoa poderá perceber o que mudou ou o quanto a sua perceção se alterou. Isto dá pistas da própria leitura que a pessoa teve no momento de escrita e na forma como expôs as situações.


Gostaram desta publicação e estreia de série? De que forma usam vocês a escrita e que exercícios utilizam?

One thought on “A escrita como intervenção #1

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