Podia estar a escrever esta publicação no avião de regresso ao Porto e embalado na lágrima escondida que escorre do meu olho direito enquanto Paris se desvanece por entre as nuvens. Há muito sentimento nesta minha reação, e muito dele provém muito mais do que a ideia de “passar férias”. Surge, sim, pelo sentimento de estar a despedir-me (por agora) de uma parte da minha família que amo e que me proporcionou momentos mágicos. Honestamente, uma sensação muito maior do que a esperava obter da minha visita à Disneyland, na quinta-feira. Mas vou por parte e quero contar-vos e mostrar-vos alguns dos sítios onde fui.
Os passeios, os monumentos, as aventuras
Sendo uma semana de férias e gostando eu de planear, fiquei encarregue de planear a totalidade da semana para um grupo de sete pessoas. Sendo a única dificuldade o tempo da estadia, o mapa foi baseado nas minhas duas visitas passadas e naquilo que, há uns meses, vi na série da Netflix Emily in Paris.

Ao planear uma viagem em tempos atuais, o grande desafio passava por reservar com antecedência os locais a visitar. Estando a maior parte dos monumentos fechados à segunda-feira, o Arco do Triunfo parecia o salvador ao permitir visitas às segundas. Infelizmente, ao acordarmos na manhã de segunda-feira, a minha prima dá-nos conta do que se conta nos noticiários: o Arco estava a ser coberto em nome da arte. Revoltante, sim, mas não nos demoveu da vontade de o ver e de descer todos os Campos Elísios a pé, até perto do Palácio dos Inválidos (eu sei, é um nome terrível de escrever e dizer).
Com uma média de 20Km por dia, os nossos dias passavam-se, ora entre a lindíssima cidade de Paris, ora na gigantesca rede de transportes. O certo é que as viagens continuaram, e pude ir ao Palácio e Jardins de Versalhes (durante toda a manhã de terça-feira) pela primeira vez, ao Museu de Orsey, Museu do Louvre (durante toda a manhã de quarta-feira), e ainda conseguir ver o exterior do Panteão. Tudo isto, claro, enquanto conhecíamos outros pontos de interesse ao andar pela cidade. Ainda conseguimos ver Notre Dame no único dia que apanhámos chuva, pelo que considerei uma vitória.
A minha grande aventura aconteceu, contudo, ao conduzir na cidade na noite de quarta-feira, com um carro elétrico e perante as caóticas rotundas dos Campos Elísios. O certo é que sobrevivi para vos estar a escrever isto e fica uma experiência única para recordar.
As visitas aos monumentos não pararam, sendo que na sexta foi dia de andar. Andar, tipo, muito. Não só subimos a escadaria que nos leva à Basílica de Sacre-Coeur, como ainda quisemos subir os perto de 300 degraus até ao seu topo para uma vista a 360º da cidade. O cansaço era muito, logicamente, mas tudo se dissipou ao sentirmos o ar fresco do topo da Basílica. A experiência culminou com a visita à Torre Eiffel e a vista lá de cima. A grande beleza? O de apreciar Paris à noite para, minutos depois, descermos a torre por meio das escadas.

A Disneyland Paris

Tenho a sorte, e a oportunidade, de já ter visitado o parque por três vezes e, de forma surpreendente, tornou-se este ano palpável a forma como, a cada idade, absorvo este dia. Desde a indiferença ou à seca de filas de espera, até à minha segunda visita que me deixava em êxtase e louco por mais, esta terceira vez teve um peso diferente. Um que, honestamente, não previa. Algo que, obrigatoriamente, me obriga a fazer um grande parêntese.
A pandemia
Quando o confinamento e isolamento entraram nas nossas vidas, aquilo que logo (mas mesmo logo) me passou pelo pensamento foi: quando isto acabar, quero ir à Disney. Queria sentir estar num lugar mágico e que, naquele dia, dentro daquele parque e castelo e atrações e desfiles e cor e música, a minha alma regenerasse.
O certo é que tal acabou por acontecer, mas mais num sentido global. Um que envolveu a constatação de como toda a população estava desejosa de sair de casa. De ir à aventura. E, nesta semana que passou, foi o que vi em Paris: ruas cheias a qualquer hora do dia, para ter depois todos a cumprir as regras na hora de andar em transportes ou de, no caso dos parques Disney, usar sempre máscara.
Entra a minha experiência
Ao entrar no Walt Disney Studios e na Disneyland Paris, apesar de toda a felicidade e sentido de realização, sentia-me triste ao constar como as máscaras ainda faziam parte da realidade. Era estranho ter o castelo em obras (por mais belo que continue a ser), ou de ter desfiles por partes. O dia de sol e a companhia ajudaram a passar por estas crises existenciais, mas o que mais me apercebi foi como nesta visita tratei o parque mais como uma casa. Um local onde andava calmamente, onde me aventurava a explorar, a observar e a absorver. E esta foi, sem dúvida, a maior diferença. O não ver estes parques como só algo bonito para a adrenalina e fotografias, mas como algo que se assemelha a uma casa. Uma que, no Porto, entro por meio dos filmes dos estúdios de Walt.
Consciencialização à parte, esta entrada nos parques Disney traduziram-se no sentimento que queria para a minha viagem: o sentimento de casa, de um lugar que amo de paixão e com pessoas que me são muito.
Itinerário & Informações Complementares
Uma vez que pelas minhas redes sociais tive quem me perguntasse pormenores da viagem, decidi partilhar de forma mais direta como me preparei para a viagem em tempos de COVID-19.
- Antes de viajar importa ter o certificado de vacinação ou teste negativo para a COVID-19;
- A maior parte dos monumentos em França estão fechados à segunda;
- Europeus até aos 25 anos não pagam entrada em nenhum monumento nacional. Contudo, tem de se ir ao site de cada monumento e reservar o bilhete gratuito (por vezes este está descrito como bilhete para criança, outras vezes como reserva gratuita);
- Para maiores de 25 anos poderá ser vantajoso o passe cultural. Podem saber mais dele em https://pt.parisinfo.com. Existem passes para diferentes dias, sendo que é recomendável comprarem o pass para que este tenha tempo de chegar às vossas moradas (entregue pela DHL em 72h).
- O site https://pt.parisinfo.com é ótimo para ter os endereços diretos para reservar os bilhetes de forma direta. O mesmo para obter mapas e planear a viagem.
- Os parques Disney estão em obras de expansão/remodelação/renovação. Apesar de nenhuma atração estar fechada, importa ter em atenção que o castelo está em obras apesar de continuar visível.
- Para melhor planear a visita na Disney, que importa reservar online, poderá ser boa ideia descarregar a aplicação oficial que vos mostra o mapa do parque e os tempos de espera das diversas atrações. O máximo que esperei foi 20 minutos.
- Apesar das informações online, pode entrar no parque bebida e comida. Algo que recomendo. Contudo, se quiserem comer no parque, optem pelo Menu de Hambúrguer e não os cachorros. A relação entre qualidade-preço não o justifica.
- Os produtos vendidos nos Parques Disney diferente entre eles, mas as lojas de cada parque são praticamente semelhantes entre si. Contudo, os produtos que têm diferem das lojas Disney que se encontram na rua, pelo que poderá ser deveras vantajoso aproveitar os produtos dos parques.
- Paris está com movimento a qualquer hora do dia. Não é obrigatório o uso de máscara na rua, somente nos transportes públicos. Os melhores horários para viajar sem apanhar as horas de ponta são entre as 9h-17h.
- Poderá ser boa ideia fazerem um pass semanal para os transportes. Ele é válido em autocarros, metro e comboios e pode ser feito no site https://pt.parisinfo.com ou nas estações da cidade. Tem a validade de uma semana, sendo que depois basta recarregar. O meu custou 22,80€ e, pelas informações dadas, tem a validade de 10 anos e basta depois recarregar com 5€.
- Para visitar a Torre Eiffel recomendo a reserva online para ajudar a evitar filas. Os preços diferem para jovens e adultos, sendo que fui até ao último andar. É possível, pelo elevador, parar em cada um.
- Recomendo a subirem sempre usando o elevador e usar as escadas para descer do segundo andar até à base.
- O espetáculo de luzes cintilantes pela torre começa pela meia-noite e dura não mais que dez minutos.
- Para os míticos porta-chaves ou ímanes alusivos à cidade, encontram o melhor preço junto dos vendedores de rua ao largo de toda a torre. É possível trazer uma Torre de 15 cm por 5€ se souberem regatear ou 5 porta-chaves da torre a 1€.
- Vale a pena provar os crepes doces e salgados da cidade. A grande surpresa foi os crepes salgados, feitos com farinha de trigo-sarraceno. Na verdade, os crepes salgados têm o nome de Galette e os doces têm o conhecido nome de Crepe.
O meu itinerário

Curiosos com o meu percurso nesta semana? Deixo-vos aqui o que fiz para vos dar ideias para futuras viagens.
Segunda-Feira (17,3KM)
- Galeries Lafayette e vista panorâmica
- Arco do Triunfo
- Campos Elísios
- Jardim e Palácio dos Inválidos
- Ponte Alexandre III
Terça-Feira (22,84 KM)
- Palácio e Jardins de Versalhes (10h)
- Fundação Louis Vuitton
- Lanchar na La Quéquetterie
- Panteão Nacional
Quarta-Feira (16,22 KM)
- Museu do Louvre (10h)
- Jardins do Museu
- Notre Dame
- Museu de Orsay
- Passeio noturno por Paris
Quinta-Feira (21,06 KM)
- Walt Disney Studios
- Disneyland Paris
Sexta-Feira (24,07 KM)
- Basílica de Sacré-Coer
- Subida de perto de 300 degraus ao topo da Basílica
- Praça Dalida, onde fica a rua mais bonita de Paris
- Almoço no número um de Paris, onde fica grande comunidade judaica e homossexual
- Caminhada ao longo do Sena, passando pela Câmara Municipal de Paris, Parlamento, Notre Dame e Louvre
- Centro Comercial Samaritaine
- Caminhada até aos Campos Elíseos
- Caminhada até à Torre Eiffel
- Ponte das Artes
- Subida às 20h para a Torre Eiffel
- Espetáculo de luzes da Torre Eiffel às 00h
- Moulin Rouge
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