Tenho esta publicação guardada há três semanas. O tempo tem sido escasso e, apesar de já ter conseguido repor a leitura em dia, achei importante refletir neste tema. Na necessidade de descansar a cabeça da leitura.
Overdoses literárias
Na era de pressão social, de diversos títulos a saírem mensalmente e de desafios e objetivos de leitura, nem sempre a leitura é algo prazeroso. Além mais, o fator tempo é um elemento fulcral na nossa disposição. E era assim que me sentia há três semanas. Incapaz de ler. Não só em arranjar tempo, mas sem vontade sequer para o fazer.
Muitos poderiam ter-se sentido mal com isto (raios, eu próprio já me senti), mas o perceber que o que a minha cabeça queria era descansar foi o suficiente para aceitar a minha vontade. Em dar valor à minha psique e não ligar à minha meta de 50 livros para ler este ano do Goodreads e apreciar antes o momento.
Admito que isto nem sempre me foi fácil. Sentia-me mal por não ler. Por considerar que estava a perder o foco e que, consequentemente, teria menos vontade para escrever. O certo é que nessa semana me surpreendi pela vontade do descanso e de dar-me tempo. Algo que me parece cada vez mais em falta. Não por falta de vontade dos leitores, mas por existir tanta pressão para se ler, que o gosto e prazer rapidamente transformam numa obrigação. É, na verdade, por isto que vos escrevo isto. Para vos lembrar de que o nosso prazer e tempo pessoal é essencial para, no fim, sabermos apreciar um livro.
A minha “semana sem ler” foi há três semanas, mas espero que esta publicação ajude a perceber que, independentemente de teres ou estares a passar por isso, encares como algo normal e não como um bicho de sete cabeças.
Diogo Simões 