Comecei a leitura do Esquecido e fiquei rendida logo nas primeiras páginas. O Diogo apresenta-nos uma narrativa bem construída, coerente e pensada ao pormenor. Carregada de suspense da primeira à última página! A sua linguagem é concisa e bastante direta.
O Diogo construiu personagens reais, consistentes e muito intensas, que nos cativam, com quem facilmente criámos empatia, que nos emocionam em muitos momentos da leitura e nos chocam em outros tantos.
Esquecido acompanha a história do jovem Duarte Mota que após se ver envolvido num acidente de automóvel, perde quatro anos de memória. A pergunta que se impõe é «E se perde quatro anos de memória?», uma questão bastante pertinente, sendo que o autor constrói uma narrativa bastante fidedigna e o mais próximo possível da realidade.

Ao acordar e perceber que as memórias de quatro anos da sua vida desapareceram, Duarte entra num remoinho de emoções e sentimentos. O mundo que julgava conhecer, está mudado. Em quem poderá Duarte confiar? É neste ambiente de redescoberta e mistério que toda a narrativa se constrói.
Duarte vê-se envolvido numa investigação de um esquema de drogas, com duas namoradas Filipa e Catarina, distante do pai que violentava a mãe, e para além de ter de encarar tudo isto, tem de lidar com a perda do melhor amigo.
Este livro trata de temas desde sempre atuais, como a violência doméstica, as drogas, a homossexualidade e a paixão pela arte, sim, porque o Duarte é um artista, e a noite fatídica que lhe roubou as memórias, era também o «começo» de uma grande carreira da qual Duarte não se consegue lembrar inteiramente.
Em suma, temos aqui um livro de um jovem autor português ao nível dos grandes best-sellers internacionaisUm livro intensoCru. Onde nada é o que parece e onde o suspense se mantém até ao final. Quando acreditamos que desvendamos o mistério, o Diogo mostra-nos que ele ainda está apenas a começar.
Uma intensidade que só senti quando li A Rapariga no Comboio ou A Filha do Pântano, com a vantagem de ser nacional e ser muito melhor!