Há muito tempo que almejo escrever algo deste género. Para os mais atentos, sabem que algo já foi feito nesse sentido, com a página “Como se faz um livro?“, referente ao meu próximo livro a chegar às livrarias: Esquecido. Todavia, sempre soube que faltava algo. Algo que me fizesse comprometer mais com o blog, vocês, e sobretudo, o que eu sempre quis fazer. Por isso, lanço estes pequenos posts aqui no blog, de modo a que até ao lançamento do Esquecido (dia 20 de janeiro), possam ir tendo uma visão de como tudo se passou e, até mesmo, ideias que vos possa dar para as vossas próprias histórias. Vamos lá?
Parte I – A ideia
Se há coisa que tenho sempre medo, é de gostando eu tanto de escrever, perder a capacidade de imaginar novas histórias. Acredito que, em diversos pontos da nossa vida, seja algo comum. Quer seja no ramo da escrita, quer até em outras carreiras e até para o nosso próprio dia-a-dia. No entanto, a solução ideal é mesmo ler, ler e ler mais. Quer coisas que gostamos, quer aquelas que nunca nos imaginamos a ler. Sem esquecer, contudo, o “viver”. Experimentar tudo o que a vida tem para dar. Até mesmo com trabalhos escolares ou do trabalho em que estás. Neste momento, por exemplo, tenho de escrever dois Diagnósticos, e acreditem: é um pesadelo, mas as ideias para descrever novos ambientes nos meus próximos livros, não faltam.
Posto isto, nada melhor que estarmos atentos a tudo o que nos rodeia. Era o caso em 2013. Estava numa aula da minha amada disciplina de Psicologia. Falámos da memória e de que se a perdêssemos, perdíamos parte de nós… As pessoas que amamos. Os nossos sonhos. Desejos. Fantasias, revoltas, paixões e amarguras.
Juro-vos, aquilo perturbou-me tanto que uma frase pairou sobre a minha mente: “E, sem dar por isso, fui esquecido por mim mesmo.”.
A partir daqui, entrei em colapso. Quase que literalmente. Naquele ano, em 2013, tinha acabado no ano anterior de escrever O Bater do Coração, estando então a revê-lo para publicação. Não obstante esse trabalho, estava também a escrever o livro Uivares. Por isso, sabendo que o que tinha era uma mera frase, procurei não desesperar. Sabia que esta carga só me iria levar a não conseguir levar a cabo todos os projetos com o mesmo empenho. Por isso, deixei-o de lado.
É disto mesmo que acho importante falar. Ao longo da vida, fui tendo sempre amigos que me diziam: “Também quero escrever. Mas quando o faço, desisto logo ao fim dos primeiros capítulos.”, daí querer partilhar da pouca experiência que tenho, que é: tenham calma. Querem escrever, façam-no. Quer seja num caderno, diário, numa folha em branco, e por vezes assustadora, do Word, ou até num blog. O importante é exercitarem essa mesma vontade! Porquê começar logo com um livro? Porque não até escreverem pequenas cenas que têm em mente para essa história? Dessa maneira, conseguem perspectivar tudo de uma forma completamente diferente do que se saltarem logo para um livro, cujos detalhes das personagens ainda não conhecem, ou mesmo o enredo e a história.
No Esquecido, definir esses pontos não foi fácil. Como é que me iria pôr na pele de alguém que perdeu tudo o que conhecia? Que perdeu dentro de si mesmo?
Ler foi fundamental. Quer livros ficcionais, como científicos. Queria assentar a minha ideia. Queria vê-la crescer, pelo que sem esta pesquisa, que se traduziu numa reflexão também interior da minha parte, tal não teria sido possível.
Foi assim que alguns meses depois, consegui ter um rascunho de um mapa de relações. A partir dessa ideia já mais estruturada, consegui ter já personagens e personalidades definidas, como eventos.
Até aqui, corria tudo relativamente bem. Procurei corrigir erros que aprendera com os meus dois livros e séries anteriores, e esquematizar tudo. Pensar ainda mais à frente. Definir personagens e personalidades que estivessem bem vincadas. Todavia, estava longe de antever a aventura que me esperava no ano seguinte…
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