250xSempre fiquei entusiasmado por ter este livro na minha lista de livros para ler. Guardava-o preciosamente porque, pela premissa de que tinha, acreditava ter tudo para me deixar de queixo caído. Infelizmente…, tal não aconteceu.

Não me interpretem mal: a escrita, é incrível. Assim como os diversos detalhes que dão vida a cada uma das personagens. O destaque dado e a pesquisa feita pela autora sobre o casamento é também notória, dando-nos factos interessantes e que vão de acordo à profissão de psicoterapêutico do protagonista. As primeiras páginas, prenderam-me imediatamente. Todavia, se este livro, e todo o marketing a ele associado, nos indicam algo a nível de thriller ou drama, o livro falha em o concretizar.

Ao invés, temos um destaque de 80% ao casamento, e quase de 20% ao Pacto em si. E a história assim também tem a sua lógica. Mas quando temos montes de peripécias bizarras, em que estamos como os protagonistas: a querer saber mais, e a querer que eles saiam d´O Pacto, nenhuma das personagens é capaz de ler o raio do manual que lhes é dado. E isto, para mim, é das coisas mais ridículas que a autora poderia ter feito para um livro que tem esse mesmo nome: “O Pacto”. Se no livro apenas vamos tendo conhecimento do Pacto pelas penalizações das personagens, toda a ideia parece-me, a mim, desmoronar. Não temos, de facto, conhecimento de muitas das coisas que deveriam ser os fundamentos do livro.

Sabemos assim que O Pacto é uma organização, com diversos membros, desde cidadãos comuns, a pessoas de grande importância e poder, que procuram que o casamento seja um sucesso. Tal acontece pela criação de um código que se rege pelo Código Penal. Temos assim diversas “leis” que falam como se tem que dar prendas todos os meses, fazer viagens de três em três meses e com período superior a 72h, entre outras medidas que nunca chegamos verdadeiramente a saber. Sabemos também que todos se tratam por “amigo/a”.

Com isto, dei por mim a demorar a ler o livro mais do que o devido. A arrastar a leitura.

Tal como na vida real, na história, a vida das personagens é demasiado preenchida para o casamento. Sendo algo que acontece, especialmente pelas suas profissões, é ridículo como que, atendendo à embrulhada em que estão – ou seja, na vontade que têm em sair do contrato que assinaram-, as mesmas nunca revelaram crescimento e desenvolvimento ao longo da história. 

Acredito que a ideia está lá! Permite ao leitor refletir sobre o que O Pacto almeja. Permite igualmente manter a conversa do casamento que a autora quis. Deixa o leitor compreender como é fácil um casamento deixar-se perder. Mas quando temos um livro com este material, e um bicho de sete cabeças pintado pelas personagens sobre O Pacto, ele poderia ser mais, muito mais.

** spoiler alert **


Não posso deixar de revelar o quanto agonizado fiquei, pelo capítulo 62, pela explosão da Alice. A mulher do protagonista, Jake. Foi a “coisa mais sem sentido” que alguma vez li. Muito bizarra, caricata, e como se não tivesse aprendido nada com o seu sofrimento passado às mãos do Pacto.
Com isto, o final não deixa de ser irreal. Do nada, temos as personagens a fugir de mais um castigo tecno-medieval, para depois, do nada, o Jake conseguir ir ter com a fundadora do Pacto, sem qualquer entrave pelo meio, e resolver logo tudo a bem. Além do mais, ainda percebemos a causa do interesse de alguns membros do Pacto neste casal. Posto isto, o castigo que a criadora do Pacto dá a estes – que abusaram do poder –  é simplesmente uma exposição de vergonha. Quase ao nível da Guerra dos Tronos. Ficou assim esquecido os supostos homicídios que esta organização/culto secreto cometeu deixando-nos mais com um final feliz para umas personagens que parece que nada aprenderam.

O livro é bem escrito, tem detalhes fantásticos. Tem muito suspense. Bastante. Mas a parte psicológica perde-se a meio, assim como tudo aquilo que a história poderia ser.

Sendo o filme algo possível (a FOX comprou os direitos, mas visto que agora pertence à Disney, o projeto pode ficar parado), fico curioso para saber se aquilo que o livro almeja, será entregue no grande ecrã.

Minha classificação: 3/5

Classificação média Goodreads: 3,63/5

Wook

One thought on “Crítica “O Pacto” de Michelle Richmond

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