Desde sexta-feira que ando a pensar sobre este tema. Sobre escrever sobre o amor. Do que é, para mim, o amor. Do que é amar alguém. Da essência deste sentimento tão complexo, e ainda hoje, difícil de gerar consensos. Mas eu pensava, pensava e bem que fazia o pino, e todas as ideias, se desvaneciam. Mas foi com essa ideia que decidi começar este texto E porquê?
Porque percebi.
Que o amor não se define assim. Que mesmo para mim, que já criei histórias e personagens em que o romance corre no seu núcleo, definir o conceito já não é algo tão… linear?
Porque quando mais pensamos na questão, mais caímos no senso comum do que é o conceito. Do que é o sentimento.
Foi só há coisa de três anos que comecei a aprender o que é este sentimento que ou nos alimenta com uma alegria e vontade de viver inexplicável, quer nos consome, corroendo o coração partido. Sem esperança…, perdido.
Hoje sou diferente do que era há três anos. Já não perco a vontade de comer por alguém que nem migalhas dá. Já não choro discretamente, pois “a ti” não poderia recorrer, percebendo o quão estas lágrimas eram aos “teus” olhos, sinal de fraqueza.
Mas será o amor uma fraqueza? Será uma fraqueza boa? Ou uma força inquebrável?
Eu acho que é mesmo o somatório de todos estes “mas” e “ses”. Desde o amor dos nossos pais, avós, amigos, até às namoradas/os. Um amor que nos leva a querer o bem do outro. De querer partilhar com o outro. E, o mais forte de todos: aquele que nos permite deixar o outro, ir…
Confesso que esse é aquele a que estou mais habituado.
O meu amor é incondicional. Eu gosto de amar. Quer os meus familiares, até aos meus amigos. Um amor tratado como se fosse um casamento. Como se fosse um laço mágico invisível que me liga a outra pessoa, e me leva a desejar sempre o seu bem. Me leva a sempre que aconteça algo, a querer partilhar. Me leve mesmo, a dar a minha vida, por ela. Serei muito intenso?
Sou, não sou? Se todos me o dizem…, é porque deve ser verdade. Mas dou por mim a andar com estes rodeios. Estes que tu já te deves ter apercebido. Àqueles pensamentos, e consequentemente, textos, depois da meia noite. Que fazem tanto, mas tanto sentido, e ao mesmo tempo, nenhum.
Eu estimo. Eu cuido. Eu dou. TUDO!
E perco. Sou maltratado, com claro azar no jogo que os Deuses, lá em cima, jogam. É o jogo mais perverso de todos. E um jogo que, por mais magoe, rapidamente tem de passar à história. A vida continua. Não existe mais nada a dizer.
Nós somos seres humanos. Fomos desenhados para sentir. Cada um de nós à sua maneira. Uns poucos, outros mais. Mas é esta palavra que nos liga. Uma que muitos acabam por desprezar pelo significado quase vazio que é usado nos dias de hoje. E foi por esse significado que cheguei aqui. Porque nestes três anos, compreendi a palavra. Como a pronunciar. O que significada. E quando a dizer. Mas agora estou nesta encruzilhada: a quem conto? Quem a quer ouvir? Será tarde de mais?
Será tarde, para te ligar, e fazer-te sentir como me sinto? Mostrar? Descer pela montanha da vida, até te encontrar? Na esperança que tivesses ficado à espera, nesse momento?
Ficaste?
Esperaste?
Como eu, sempre esperei por ti? Mesmo quando parte de mim, já tinha desistido?
Isto não faz sentido nenhum… Pois não? Mas quem foi que disse que “o amor”, fazia?
P.S.: Sei que, muito provavelmente, poderás estar-te a perguntar o sentido deste bocado de texto. De qual o meu objetivo com isto. Se te disser que não tinha, acreditas? Acreditas que, apesar de ter pensando no texto, nunca consegui ver um fim para ele? E porquê? Porque acabei, idiota e inexplicavelmente, de me responder a mim próprio: de que não importa o que aconteça na vida, continuarei sempre a amar. Mesmo quando não houver mais nada a dizer. Mais cartas na manga para jogar. A vida é assim. É esta caminhada. Esta cordilheira sem fim, cheia de altos e baixos, em que o que nos move, em primeira instância, será mesmo o amor a nós mesmos. Quanto aos outros… isso, só o tempo o conseguirá dizer. Só o amor deles, conseguirá mostrar-lhes, se estão dispostos a receber o nosso, ou não! Porque amar, por vezes, é também, estar preparado para desistir.
Originalmente escrito a 25 de junho de 2017