Após o sucesso do primeiro post da rubrica, dei conta de que algo de importante ficou de fora. Todavia agradeço esse facto, pois levou-me a ter conversas com múltiplos autores amigos e conhecidos que me incentivaram a abordar algumas das questões mais importantes!

Com isso, e sem mais demoras, apresento-vos o vídeo complemento a este post e que tem estreia para as 21h. Ou seja, daqui a uns minutos. Preparados? Podem inclusive interagir no vídeo e fazer perguntas. Estarei por lá para alimentar a conversa.

Acompanha e discute em direto. Volta ao post para ler sobre a investigação!

Em suma, é importante:

  • Guardar todos os e-mails e verificarem se tudo o que vos prometeram, se encontra lá presente de alguma forma. Clara, de preferência.
  • Verifica se a editora está, realmente, na morada indicada. Procura assegurar-te de que é sempre possível contactá-la por via telefónica. Por vezes estas editoras têm escritórios fantasmas e pode ser difícil, em caso de dúvida ou problema, falar com eles.
  • Peçam, se necessário, ajuda a um advogado ou pessoa de referência para vos ajudar a analisar o contrato. Desta forma garantem uma nova perspectiva: a de alguém que está de fora e que pode, com isto, levantar perguntas pertinentes.
  • No que toca ao pagamento, vejam o que é melhor para vocês. Se existir mesmo confiança por parte da editora, acredito que irão aceitar um pagamento em prestações. Podem, por exemplo, sugerir pagar uma parte do valor na assinatura do contrato, e outra após o livro estar pronto para a impressão (conclui-se que vos enviaram o miolo para aprovação e uma capa final).
  • Garantam que recebem igualmente o contrato assinado pelas partes envolvidas.
  • Tentem sempre, sempre, manter uma boa relação com a editora. Apelem à sinceridade em troca de reciprocidade.

No vídeo contei-vos que fiz uma investigação para vocês! Que falei com uma editora… E agora, chegou o momento de vos revelar tudo disso.

A editora em questão está situada e tem a sua área de atuação no Porto. Tem alguém muito capaz à sua frente e que faz, realmente um trabalho com boa qualidade no que toca a revisão e paginação. Todavia, os valores que pede rondam os 2600€ (para um livro com PVP de 10€), sendo que o autor tem que adquirir metade. Ainda ganha depois direitos de autor referentes a estes mesmos, que resultam da venda nas sessões de apresentação que ele – sim ele (o autor) – marcar! A pessoa responsável foi bastante clara: “Os autores pensam que após terem escrito o livro, o trabalho deles já acabou. É mentira, não é! Não vai ser a editora a fazer as coisas.”. É certo que é verdade, que o autor tem de estar apto a promover, e a andar pelos diversos eventos do país. Agora, dizer que o trabalho todo continua a ser dele, após o pagamento de 2600€, é ridículo. Em suma, uma edição de autor compensa muito mais! Estar associado a uma editora que promova este tipo de práticas, é vergonhoso. Claro está que antes disto, tinha já falado com uma autora. É verdade. E sabem o que me respondeu: “Procura outra!”.

É triste, revoltante, ver como existem pessoas, à frente destas pseudo-editoras, que se limitam a atuar só como impressora e não acompanhar o leitor após a publicação. Ou seja, no momento fundamental. A edição como vos disse estava no ponto. Cuidada. Sincera e, mais importante: profissional. Mas o depois também importa. Muito! Claro que isto me incentiva a fazer estas publicações para vocês, para que vocês estejam alertas. Com isto não quero dizer que se deve esperar ter o trabalho todo feito. Nada disso! Mas que exista sim o respeito aos Direitos do Autor, respeito ao trabalho dele e que a relação com a editora seja familiar, dinâmica, de respeito. Porque aquilo que acontecia aqui, é que a editora está lá para receber o dinheiro. E só isso que interessa. E o ponto deste artigo é que há mais assim…

Sei que muitos podem pensar que o objetivo e intuito do que reflecti é uma autêntica caça às bruxas. Em que quem teve, tem, soube, viu maus experiências, vos quer impedir de assinar. Mas não é nada disso. É só que se esteja atento quando metemos o nosso nome num documento destes. Para mim, um livro é como um filho. Não quero que nada de mal lhe aconteça, e é com esse fim em vista que escrevo estas notas. E, verdade seja dita, eu próprio falo sempre com outros autores e, como já referi, foram eles que me incentivaram a fazer esta entrada.

Espero que tenham gostado desta publicação e estou apto para conversarmos sobre este tema. Se acharem por bem, partilham. Não estou a tentar alcançar nenhum marco, mas sim alertar quem se pode enganar facilmente por este mundo. É muito fácil recebermos e-mails cheios de promessas, elogios, quando depois tudo o que é importante no final do dia, é o dinheiro e não o livro e sua promoção.

Se quiserem saber mais, conversar, trocar experiências, eu e outros escritores estamos aqui! 

Escritores Portugueses – Trocas de Experiência

45 thoughts on “O Caderno do Diogo: O Contrato

  1. Olá Diogo!

    Parabéns pelo post. Infelizmente, só percebi como era, de facto, está realidade quando trabalhei com a última editora. Onde não cumpriram praticamente nada do contrato e a divulgação do livro fui eu que fiz. Para além disso como é que um livro que fica um mês retido na gráfica é publicado com erros de formatação.

    Contactei a editora do primeiro livro para me cederem os ficheiros do livro para a Amazon, uma vez que os direitos da editora sobre o livro terminaram em 2017. Ainda espero por uma resposta…

    Beijinho!

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    1. Olá Ana.

      Do que mais gosto destes comentários e momentos é perceber que não estou sozinho nesta luta e que não sou o único a sofrer. Daí estar a apostar neste conteúdo para que, já que nós não conseguimos essa sorte, outros consigam assegurar os seus direitos.

      Obrigado pelas palavras e espero que tenhas sorte e consigas reaver os direitos! Eles são teus por direito. Tens tido resposta aos e-mails pelo menos?

      Beijinho!

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      1. Enviei emails para a primeira editora, mas vieram devolvidos. Contactei via Facebook e só me responderam uma vez para me perguntarem se tinha interesse em adquirir exemplares do livro.

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      2. Claro, o dinheiro é que interessa! Nada mais. Isso é tão vergonhoso. Lamento imenso!

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      3. Mas há pior, mentiram-me na cara. Quando lhes disse que queria os ficheiros formatados para colocar o livro na Amazon, disseram-me que trabalhavam com uma empresa que os colocava lá. Fiz uma pesquisa e sinal do livro na Amazon não há.

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      4. Claro que não! Eles não querem assumir o mau trabalho que fazem. São todas assim. Procuram dar voltas e voltas e, quando nem se dão conta, já estão a comer a própria cauda.
        Nunca mais dissera nada então?

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      5. Não! Mas eu já iniciei a formatação do livro e em 2019 vou colocá-lo na Amazon. Estou-me nas tintas para eles…

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      6. Obviamente!! O trabalho é e foi teu! Estás a usar os teus direitos e a lutar por isso!! Desejo toda a sorte na concretização desse trabalho!

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      7. O actual livro que publiquei fui eu que formatei, levou 8 meses, porque não tinha formação e a Amazon não explica bem o processo. A editora publicou o livro com frases cortadas a meio, diálogos em fila indiana como texto corrido e capítulos por separar. Tinham o ficheiro em word e não mo cederam…

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      8. A editora fez isso? Isso é chocante e alarmante! E pior é que se pagou por isso e eles nem o fizeram corretamente!

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      9. Fez! Para além de copiarem a ficha técnica do livro anterior sem corrigirem nada.

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      10. Que horror! Fico mesmo alarmado em saber isso. Espero realmente que seja um sucesso para o ano. Quero inclusive vê-lo 😀

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      11. E ocultaram-me uma segunda edição do livro anterior, descobri porque copiaram a ficha técnica do livro anterior para o novo e não a corrigiram nem no ebook nem na versão impressa. E diziam que o livro não tinha vendido.

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      12. Isso implicaria deslocar-me a Lisboa e ter custos. O processo ia arrastar-se etc… Rescindi e editoras nunca mais.

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      13. Espero que o depois esteja a correr bem! É merecido após tanta peripécia

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      14. Tenho tirado partido das redes sociais para divulgar o livro e esgotar a edição anterior. Contactei livrarias para colocar o livro numa mas nao me agradaram as condiçoes. Exigem factura mensal…

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      15. Ja trabalhei com a Escrytos e para receber 25€ de royalties obrigaram-me a colectar-me nas finanças.

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      16. Mas isso pode-se pedir um recibo único penso. Foi o que fiz com a Chiado. Nada de recibos verdes.

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      17. O problema da Escrytos é que só trabalha com ebooks. Interessa-me versão física também.

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      18. Sabes o que mais me baralha? O que faz alguns autores manterem-se nestas editoras…

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      19. Então já somos dois, esta minha última experiência deixou-me mesmo desiludida. A editora abandonou a chancela com a qual publiquei porque o editor já tinha nova editora há um ano. A Ego Editora…

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      20. Não conheço a editora, mas realmente é despontante. Nos dias de hoje é cada vez mais difícil encontrarmos uma realmente boa. E não tem de ser em tudo, mas ao menos ser transparente connosco!

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      21. Da chancela pela qual publiquei, eles não colocam nenhum livro à venda, fiz uma pesquisa na WOOK e não aparece nenhum, nem na Amazon. É nitidamente uma gráfica vestida de editora.

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      22. Foi através desta experiência que fiquei a perceber o modus operandi deste mercado. E foi um balde de água fria,

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      23. É sempre terrível para nós, sem dúvida, mas faz-nos mais atentos e críticos. Algo que é fundamental.

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      24. Partilhei no meu Instagram algumas sobre esta experiência e houve pessoas que me contactaram muito indignadas porque eu estava, supostamente, a difamar a editora. Se formos todos a compactuar com isto, estas empresas nunca aprendem.

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      25. Verdade, porque as pessoas pensam que ou o fazemos porque queremos ser famosos, ou porque não conhecem o mundo editorial, ou então porque gostamos simplesmente de ter atenção. Tomara que antes o fosse, e não houvesse “editoras” a enganar os seus autores, leitores e funcionários com uma filosofia tão… monetária?

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      26. Infelizmente é um ciclo vicioso porque as editoras sabem que há sempre autores que caem

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  2. Olá, Diogo.
    Lamentavelmente, concordo com tudo o que é dito.
    Se há situações em que assinar um contrato é uma porta que se abre, noutras pode bem ser uma prisão em todos os sentidos da palavra.
    Vamos continuar a debater estes temas e a consciencializar para o quão difícil é encontrar uma casa editorial deste género que honre o que está escrito. VAMOS FALAR DE DIREITOS DE AUTOR!!!!!

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    1. Olá Lauren,

      Custa tanto ouvir isso. Que as experiências são transversais e, ainda pior, que têm lugar em diferentes editoras.
      Irei continuar a perseguir estes objetivos e mal posso esperar para escrever publicações que dêem força a isto!

      Obrigado pelo apoio!

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