A não ser um livro que seja co-autoria, acredito que escrever é algo solitário. Passamos horas, dias, semanas, meses ou anos numa mesma ideia. Numa história que não nos sai da cabeça. Tentamos e damos o nosso máximo, mas muitas das vezes estamos sozinhos.

Parte disto pode acontecer por querermos manter o secretismo da nossa ideia, por não termos ninguém que goste de ler, por sermos só nós os únicos capazes de escrever a nossa história, ou simplesmente por acontecer ser complicado exprimir o que sentimos. Bem sabemos que o verbalizar é sempre diferente do escrever, e é muito comum ver autores que escrevem de forma bela, mas comunicam de forma diferente.

Eu, muitas vezes, senti-me sozinho neste processo. Escrever é algo tão pessoal, que só de pensar que alguém iria ler o que estava na minha cabeça, me assustava. Tinha vergonha e receio. Não simplesmente porque poderia não ser nada de jeito, mas porque ler palavras minhas era como me ler a mim. Com isto sofria e sentia-me só.

Mais tarde acabei por perceber o bom que é partilhar e mostrar o nosso trabalho, mas por mais que tenhamos pessoas ao nosso redor, numa altura em que o mercado literário enfrenta tantos desafios e as Editoras Vanity abusam dos seus autores, parece que esta solidão aumenta. Quer pela falta de apoio, ou pelo peso no peito que aumenta por teremos medo de exprimir o que deveria de ser diferente.

Outro dos pontos é o facto de que ninguém escreve a nossa história a não ser nós. Isto não quer dizer que não possamos beber de outros colegas ou amigos, mas seremos sempre nós que teremos de escolher como escrever o que queremos. E isto sim, pode ser solitário. Bastante.

Já devem ter percebido que esta publicação serve mais como desabafo, mas acontece que acho importante o leitor comum compreender como escrever pode ser solitário. Não por não termos pessoas ou personagens a fazer-nos companhia, mas porque existem silêncios e medos que nos atravessam. Acontece também quase o estigma de ser autor, já que muitos podem não compreender o que de facto é sê-lo.

E vocês, alguma vez se sentiram sozinhos, mesmo quando rodeados de pessoas?

8 thoughts on “O Caderno do Diogo: A solidão de um autor

  1. Revi-me neste teu post. Nunca gostei de mostrar os meus textos às pessoas. Porém em 2009, ganhei coragem e mostrei poemas meus a um amigo que me incentivou a publicar o primeiro livro. Sei que se não fosse ele, hoje não escreveria. Não teria 3 livros nem 2 prémios literários. Poderia escrever mas ficava pelos diários pessoais.

    No meu mais recente livro, construí o Miguel à sua imagem. Queria que ele entrasse num livro meu e inspirasse os leitores como o fez comigo. Espero que o tenha conseguido.

    Escrever é solitário mas bom.

    Beijinhos =)

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    1. Escrever é solitário, mas bom. Completamente de acordo!

      Muitas das vezes precisamos de muitos pequenos empurrões para nos conseguirmos atirar de cabeça para este mundo tão complexo para uns, mas visto de forma simples para outros.

      Obrigado pelo comentário. Também partilho da mesma filosofia de vida quanto à escrita.

      Beijinhos 😀

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