Muitos se perguntam qual a formula mágica de uma história. De como se escreve. Do que é, de facto, escrever, e de como podemos maximizar isso para termos os nossos leitores e editores agarrados a cada página. Muito se pensa sobre a matéria, mas esta fórmula de que vos falo hoje, se pensarmos bem, é o que leva a uma boa história. É o que nos faz virar página ante página, ansiosos por saber mais. Mas de que forma falo? Afinal de contas, o que é que move uma história?
Conflito + Ação = Resolução
O que move qualquer história é a presença de conflito. Quer este seja interno, ou externo, é por meio do conflito que nos envolvemos na vida da personagem da qual estamos a ler. Por vezes este conflito é mascarado de dilema, mas é o facto de uma personagem ter uma escolha ou conflito, que nos leva a ler a história.
O mesmo se passa com o ser humano. As nossas fases de desenvolvimento pessoal são marcada por um conjunto de conflitos, dilemas bipolares, em que temos um caminho para escolher. Escolher os dois nunca se torna possível, já que nos molda a personalidade. O mesmo acontece com uma narrativa. A partir do momento que um livro nos apresenta uma personagem com um conflito imediato, rapidamente pegamos no resto do capítulo e o devoramos. Quando este conflito é associado a ação, ou seja, a momentos na história que o potenciam, a resolução acaba por chegar.
Agora é assim, não estou a dizer que toda uma história se sustenta só num conflito. Não. Temos muitos. Podemos pensar no caso do Harry Potter, em que por mais que o grande conflito, ou confronto, seja combater e derrotar Aquele Cujo Nome Não Deve Ser Pronunciado, existem ao logo dos capítulos, e para cada personagem, conflito com que este dila. Quer seja por descobrir o seu passado, identidade, padrinho, agir perante isso para desencadear uma determinada ação, faz tudo parte da sua jornada. Não só enquanto herói, mas como personagem e, consequentemente, pessoa.
Como perceberam, o conflito não tem de ser externo. Não tem de ser potenciado por um acontecimento, como uma morte, divórcio, problema familiar, de saúde, e por aí fora. Pode ser por querer conhecer uma rapariga ou rapaz mas a personagem é demasiado envergonhada e então sofre internamente com este dilema. Não sabe o que fazer, pelo que terá de agir de alguma forma. E será que essa resolução é a satisfatória? É a que a personagem espera? Que consequências trará esse feito para si e para a narrativa?
Como perceberam, o Conflito é algo chave numa história. Algo que quem escreve talvez nem o perceba. Mas se querem criar logo um Prólogo ou 1º Capítulo que tenha um grande impacto, deixar evidente o conflito da personagem pode ser uma excelente ideia…
Ou seja, Exposição – Conflito – Desenlace : os 3 atos das tragédias gregas ainda tão presentes na nossa cultura literária.
Não sei se esta é a fórmula mágica das histórias, ainda estou longe desse conhecimento metaliterário, mas com certeza que usar modelos greco-latinos (adaptados aos nossos tempos) há de ser sempre uma boa fórmula para escrever textos.
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Sendo que cauda autor tem a sua fórmula, o certo é que se não houver uma personagem sem um conflito aparente, quer seja este físico, psicológico, como exterior, não temos uma história. Nunca encontrei um livro assim, e sem dúvida que ajuda os novos autores na criação e exploração de histórias e formas de o fazer. Acaba por ser uma variação das tragédias gregas.
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