Quando vos falei a semana passada de como foi ter a ideia para esta série interativa, muito ficou por dizer. E é neste intuito que vos trago mais uma publicação. É que, quando pensei nesta narrativa, não podia pensar só na história em geral. Isto é, não valia a pena eu ter uma ideia estruturada da história completa quando a estrutura era ela, por si só, maleável.
Mas reparem, um manuscrito de um livro também o é. Por mais fixa que seja a ideia que tenha, vou alterando e ajustando coisas. Porém, esta mutação muda de figura quando são as nossas ideias diferentes que dão lugar a novos elementos de histórias do qual o leitor irá conseguir ler. E isto sim, é algo que não acontece no manuscrito, já que um leitor nunca sabe dos seus rascunhos.
Criar esta história revelou-se assim um autêntico frenesim, já que tinha de pensar como é que uma ação poderia originar várias e diferentes. E ainda mais: como é que essas variáveis se tornariam plausíveis e não atuariam como elementos de “palha”. Afinal de contas tinha de respeitar a história, e não valia a pena estar a escrever algo só para dizer que tinha mais um ramo de história por onde escolher. Com isto, existem até momentos da história em que não existe escolha a ser feita se não avançar.
Partindo destas reflexões, que traduzem a confusão que foi a minha cabeça, o meu maior aliado foi o OneNote. Foi neste programa do Office que consegui criar um mapa gigante de toda a narrativa e de que forma uma trajetória se desdobra noutra. E mais: de que forma uma trajetória iniciada anteriormente consegue coincidir com outra agora talhada pelas personagens.
Mapa “Trajetórias” – Diogo Simões, 2019
As cores representaram um papel fundamental na organização, já para não falar nos próprios vistos de conclusão que permitem perspetivar o futuro da série. Mas como conseguem perceber, e tal como na vida, nem todas as trajetórias são lineares. Nem tudo vai corresponder ao que se quer ou ao que o leitor espera, porque a própria vida não o assim é. No entanto, tenho de vos confessar como achei curioso que certos momentos se encaixaram noutros, mesmo que não estando planeados… Isto deveu-se muito à própria liberdade que me dei. Não queria estar preso. Isto não é um livro, é algo para me divertir e para me descobrir a novas personagens, pelo que foi mais que justificável pensar como seriam momentos diferentes.
Nem sempre isto foi fácil. Comecei a escrever em janeiro, criei este documento em fevereiro, e terminei em maio. Foram diversos meses a pensar, a trabalhar. A afastar-me dos diferentes ramos da história para conseguir trabalhar noutros. Não me podia confundir, e muito menos repetir em acontecimentos que teriam de ser diferentes. Bastante diferentes… Algo que também se revelou fulcral foi um seminário que tive da Cruz Vermelha, a respeito do suicídio, assim como à minha formação enquanto Assistente Social, ao mestrado que agora tiro de intervenção com crianças e jovens, assim como de noticiais atuais sobre as problemáticas que abordei.
Tenho muito mais para vos contar, e muito mais que só será desvendado ao se ler a própria série, mas por enquanto fiquem por esse lado. Para a semana prometo que vos dou mais!