Escrever um livro é apaixonar-me

Por anos escrever foi um segredo. Uma paixão secreta. Já falei por diversas vezes do que era manter escondido esse hobby, mas sabiam que mesmo tendo livros publicados, apresentar-me aos outros como “escritor” me dava como que vergonha? São imensos os sentimentos que se geram, na verdade. Porém, compreendo agora como não é só por ter os outros a irem ler o que se passa na minha cabeça. É muito mais que isso.

Para mim, e acredito que para muitos outros autores, escrever uma história, um manuscrito, um livro, é apaixonar-me. Podia falar-vos de “é um momento”, mas são “vários momentos”. São episódios em que me apaixono pelas personagens. Pela história. Pelas interações e até por aquele mundo. Porque sim, não é por não escrever um livro que se passe em Marte que faz os cenários terráqueos deixem de ser apetecíveis. Longe disso…

Escrever é encontrar-me comigo, naquela hora, naquele sítio, com aquele estado de espírito e borboletas no estômago. É o rir-me sem razão aparente por algo que escrevo. É o ansiar pelo culminar de uma cena. É o esperar e desesperar pelo esperado e inesperado.

Pode ser difícil compreender; mas o cuidado que se tem com a história, o nosso pensamento. O respeito à história, às nossas ideias e a nós mesmos, faz com que escrever, para mim, seja como me apaixonar. Querer surpreender. Desejar. Envolver. É mágico, e é por tudo isto que esfolo a cabeça a tanto bom escritor que conheço. Incentivar nasce desta paixão, e espero, muito sinceramente e se escreves, não desistas. Vive esta tua paixão. A história. As personagens. No final, valerá a pena cada página, vírgula, cada ponto final.