É importante ler. Ler faz bem. Temos de incentivar a leitura. Os jovens têm de ler.

Tudo isto são as frases mais recorrentes. Não passa uma semana em que, de uma forma ou de outra, surjam comentários nas redes sociais ou nas conversas corriqueiras da importância de se ler. Aliado a isto surgem logo as justificações habituais daqueles que dizem estas mesmas frases: eu lia, mas não tenho tempo; não tenho vontade; não me consigo concentrar; são muitas letras. E, enquanto o fator tempo e disposição são, realmente, fatores cruciais, existe outro que, na maior parte dos casos, fica esquecido…

Encontrar o nosso género

Crescemos no meio da literatura. Quer esta venha por influências familiares, quer àquilo que é lecionado na escola, nem sempre, nesta tenra idade onde a literatura nos é apresentada, na grande maioria dos casos, como obrigatória e onde não temos votos na matéria, sabemos o que gostamos.

Saber quem somos é um pau de dois bicos, mas saber o que gostamos de ler é algo igualmente aterrador. O de percebermos que histórias gostamos de ler. Qual aquela que queremos descobrir e investir o nosso tempo. O pior disto tudo? É que esta mesma resposta é mutável. Isto é: está longe de se cristalizar quando o nosso próprio desenvolvimento não é certo. É esperado que numa determinada época tenhamos gosto por um determinado género para dias, semanas, meses ou anos mais tarde, procuramos outro completamente diferente.

Foi o que me aconteceu

Detestava as aulas de português. Não só não via utilidade nas mesmas (algo que hoje reconheço ser errado), como as obras que dávamos estavam longe de cativar-me. E, por mais que reconheça a importância das mesmas, vi-me obrigado a procurar outros géneros. Assim, esta leitura que acontecia pela obrigatoriedade, acabou por se complementar com aquela que descobria aquando do lançamento da saga Crepúsculo. Foi quando descobri que existiam mais géneros para além do romance e drama históricos dados nas aulas, e que a fantasia era, naquela altura, o escape ideal.

Mergulhei por dezenas de livros neste género para chegar até ao agora. Até ao ano onde li tantos livros de ficção como não ficção. E sim, demorei anos a cá chegar como, facilmente, poderia ter ficado somente por um género. O certo é que temos de dar esta oportunidade aos outros. Que quando “refilamos” por não ver pessoas a ler, possamos antes perguntar que tipos de livros leram e não gostaram para recomendarmos outros.

Isto não é fácil

O tempo é também um fator crucial nesta descoberta e nem sempre conseguimos saber qual a nossa próxima leitura. Uma destas dificuldades vê-se facilmente no mercado, mais concretamente numa biblioteca, onde se nota que da literatura infanto-juvenil e juvenil, se passe logo para os policiais ou thrillers. Só agora os géneros intermédios, como o jovem adulto (YA) ou novo adulto (NA) começam a entrar pelo mercado e é nesta “nova” fatia que acredito que se possam atrair muitos leitores. Não só pela linguagem do livro ser próxima às temáticas e problemáticas dos adolescentes, como os introduzir a diversos géneros específicos, como a distopia, o romance, a fantasia ou o drama.

O segredo é aproveitarmos a leitura. Cultivá-la sabendo que existem diversos géneros para a pluralidade de humanos existentes. Sendo nós heterogéneos, devemos lembrar-nos que tornarmo-nos leitores é fácil e se queremos incentivar os outros, temos antes de pensar, não nos livros que gostámos e que achamos que os outros deviam ler, mas quais os livros que os outros leram e não gostaram para os realmente ajudarmos.


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