Ola leitores, como estão?

Pois é, apesar de estarem a ler este artigo quase uma semana depois, ontem (20 de junho), fui ver o filme que a crítica tem falado tão bem.

Eu não gosto de terror, e nas últimas publicações que vos fiz (sobre a série Por 13 Rasões – 13 Reasons Why), disse-vos que para mim, não há crítica mais bem escrita que me faça decidir ver ou não um filme. Mas, como não gosto mesmo nada de nada de terror, quando dei conta que críticos de cinema diziam bem deste filme, decidi arriscar.

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Não pensem que nunca vi nada de terror. O meu primeiro teve de ser com um ator com rosto familiar para me deixar mais confortável (obviamente isso não aconteceu). Falo da Mulher de Negro, com o eterno Harry Potter, seguido depois da sua sequela. Após isto, vi os dois filmes da Annabelle – no cinema, vejam lá – e até estou animado para ver o que sairá este ano ambientado no mesmo universo. Falo, claro, da Freira! Ultimamente, a Netflix tem sido igualmente minha amiga, e vi já o filme Ouija (2014), O Ritual, e Verónica, um filme que, também segundo a opinião, as pessoas não conseguem deixar de ver até ao fim. Claramente que estou vivo! Vitória! Em suma, se for um filme de terror com história, dou o braço a torcer e TENTO ver sem ser com as pipocas à frente da cara. Assim sendo, achei que estava preparado e lá fui eu novamente para a sala de cinema ver o Hereditário.

Como sabem, não gosto de escrever um artigo de opinião sem dar spoilers. Ao invés, gosto sempre de apelar à curiosidade de quem está a ler para ir ver o filme com os seus próprios olhos, e não pelos meus. Todavia, não podia deixar de escrever sobre isto já que considerei um momento uau! E porquê?

Nos dias de hoje, e atendendo aos próprios filmes de terror que me lembro de ver, estamos (ou talvez seja só eu mesmo), habituados a termos a reencarnação de espíritos e sempre em momentos de música intensa que nos faz, em 90% dos casos, antever o que vai acontecer. E digo isto também dos próprios cenários e movimentos de câmara que ajudam os realizadores a captar algo que faça a nós, público, ter sempre os sentidos à flor da pele. Com isto, acho que posso dizer que estamos habituados a filmes simples, em que a narrativa, ambiente social e histórico e circunstâncias, raramente mudam.

Quando fui ver o Hereditário, tinha visto o trailer mas confesso que já estava bem vasto na minha memória pelo que a única coisa que sabia… Correção, a única coisa que acreditava estar à espera, era de um filme como os outros. Nunca, nunca, me tinha enganado tanto!

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Não vou falar aqui da atuação, que é incrível nem da realização e banda sonora/score. Quero antes falar-vos de como achei o filme uma ferramenta poderosa, e aliada ao terror, de abordar temas como o luto e as relações familiares. Especialmente quando não somos capazes de falar de eventos traumáticos. Aliado a isto, está o facto de que, se queremos perceber por completo este filme e seu nome, temos de estar extremamente atentos. Mas mesmo, muito, muito atentos. O terror não é o esperado como nesses filmes típico com tabuleiros, cartas ou copos. Ao invés, temos uma primeira parte sólida, com momentos sólidos que nos faz compreender as personagens ao mesmo tempo que nos envolvemos nas sua vidas. A preocuparmos-nos com elas! No segundo ato, sem dúvida que todos os eventos bizarros ganham uma proporção que ninguém espera. E aqui está a beleza do filme. Vivemos o filme tal e qual as personagens com que anteriormente nos ligámos. E com isto, acompanhamos a própria estranheza deles, ao que está a acontecer.

Eu obviamente faço parte do leque de espetadores que saiu da sala de boca aberta e a pensar, e peço desculpa pela expressão, mas “WTF”. Por isso, hoje de manhã não perdi tempo em vasculhar a internet pelas respostas às perguntas que levei para casa. E é este o mote deste post! Por isso, se não viste o filme, AVISO-TE DE QUE VAIS ENCONTRAR DETALHES DA TRAMA! Por isso estás agora por tua conta… e risco! 😛

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As perguntas e respostas foram traduzidas usando o que foi brilhantemente escrito pelo site NME! (Também dei do meu cunho com observações). Não irei traduzir tudo, mas deixo-vos o link aqui se quiserem ler no inglês original! Também me auxiliei da entrevista dada pelo realizador deste filme macabro!

Quem é o Rei Paimon?

Esta figura é referida no filme quando a protagonista folheia um dos livros deixados pela sua mãe. Neste, percebemos que é como que um dos oito reis do sub-mundo. Do inferno, alguém que serve a mítica figura do Diabo. Como conta o site NME pelas suas pesquisas, ele viria para a Terra a envergar uma coroa e com presentes para os seus seguidores.

Estava o Peter possuído no final?

Sim! Sem dúvida, e esta até eu compreendi. Vemos uma pequena luz azul a entrar no seu corpo – depois de se ter atirado da janela. É aqui que encontramos também referência a momentos do filme, em que ficamos a saber que o rei quer, sobretudo, um corpo masculino para possuir. Claro está, que Paimon estava já em Charlie, a filha mais nova! Lembrem-se do monólogo que a sua mãe teve na terapia de grupo. Esta diz que quando ela nasceu, a “deu” à avó. A pessoa que estava a orquestrar tudo isto há já décadas.

Poderíamos aqui pensar: então mas porque não foi logo para o Peter, já que este príncipe do sub-mundo queria um corpo masculino? A resposta está na mesma terapia de grupo, em que a mãe conta como se afastou da mãe por tudo o que esta tinha feito no seu passado e afetado e morto, a família. Claro que, quando esta adoeceu e foi viver com a filha, esta não conseguiu afastar a avó da sua neta. Algo curioso é que a própria Charlie, no filme, após a morte da avó, admite à mãe que esta tinha o desejo de que esta tivesse nascido rapaz.

O acidente que vitimou Charlie foi mesmo um acidente!?

Não! E pode ter sido difícil de ver, mas agora que vos escrevo isto, lembro-me! Quando vemos o Peter a ir para a festa com a sua irmã, a câmara para num poste de eletricidade após o carro passar por este. Neste poste, encontramos o símbolo associado ao príncipe do infero. Assim, a neta da avó macabra acabou assim por ficar sem cabeça com o acidente, tal como a sua avó, e, posteriormente, a mãe.

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Se a Charlie era um demónio, porque não agia como tal?

Aqui temos de ter em conta quem vemos como realmente “mau” no filme. Paimon sabemos que está a ser usado. Vemos isso pela confusão e tristeza que existe na cena final, quando recebe a coroa. Ou seja, ele não pediu para ser ressuscitado.

Charlie é um demónio, como disse o ator que interpretou de seu irmão. Vamos ver o que disse este – nota que Ari é o realizador do filme:

“Acredito que isso é o interessante no filme – Ari trouxe-nos uma abordagem diferente, de que ela não é necessariamente má. Ela está realmente assustada e está apenas nesta circunstância. Nasceu assim e não se sente conectada com o resto do mundo. Acho que é uma analogia doentia, distorcida e verdadeira sobre estar do lado de fora e ter um transtorno mental. ”

Ou seja, a culpa é mesmo da avó! E sabemos isto novamente na terapia de grupo. Aqui, Annie (a mãe do Peter e Charlie) conta como a sua mãe matou o seu irmão porque a mãe “lhe tentou meter pessoas dentro dele”. Uma referência ao príncipe do sub-mundo.

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Mas porque tiveram todos na família que morrer?

Como apontado pelo site NME, nas páginas do livro de feitiços que a Annie encontra, encontra-se referido que o hospedeiro tem de estar exausto para que Paimon entre no corpo. O filme, com os seus eventos, potencia isso.

Porque não possuiu então o pai de Charlie e Peter?

Aqui, e pelo título do filme, muito provavelmente é porque teria de ser alguém com a mesma linhagem de sangue.

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Porque foi o pai dos filhos a morrer, e não Annie, quando tentou queimar o caderno de desenhos?

Aqui, a explicação dada pelo diretor do filme é que enquanto que a cena era uma demonstração do quão arrependida está Annie, e capaz de se sacrificar por Peter, temos uma lógica cruel. Ou seja, não é Annie que escolhe o que irá fazer e as implicações do seu gesto. Ou seja, não há regras. É algo maligno que controla as coisas.

O que são as palavras escritas nas paredes dos quartos dos membros da família?

São encantamentos, muito provavelmente escritos pela avó ou pelo culto. De acordo com a pesquisa realizada pela página Signal Horizontal, “Satony” é uma palavra usada em rituais de necromância para se comunicar com os mortos. “Zasas” é uma palavra usada por um ocultista britânico para conjugar um determinado tipo de demónio, e “Liftoach Pandemonium” significa “abre-te”, em que Pandemonium é onde estão os demónios de Lúcifer.

O que é o símbolo que começamos por ver no colar da avó, e posteriormente ao longo do filme?

É o Selo de Paimon. E aqui temos a explicação do diretor do filme, de que queria evitar justamente os clichés dos filmes de terror de pentagramas, tabuleiros,…

O quanto influenciou o Culto na vida da família?

Muito! Muito provavelmente até escreveram as palavras nas paredes da casa. Vemos até muitas pessoas desconhecidas no funeral da mãe de Annie – a avó do mal – , tal como esta nota. Aqui neta cerimónia também vemos muitas pessoas a sorrir para Charlie, como se a sorrir para o demónio que tinham conjurado.

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O que significa a luz misteriosa que vemos em diversos momentos do filme?

Nunca foi explicado, mas os fãs pensam que pode ser comparada a uma luz refratada por uma lente, como a usada para fazer as miniaturas que vemos no filme. Se pensarmos assim, e agora em opinião pessoal complementada com o teorizado por outros fãs, podemos pensar que o filme se passa num certo espaço, em que a ação é manipulada por um miniaturista muito “maior. Algo que até é sustentado pela cena de abertura do filme, enquanto nos aproximamos do quarto em miniatura.

 

 

 

E então? Que vos pareceu este filme? Ansiosos por rever agora que compreendem?

2 thoughts on “Hereditário: Respostas às Perguntas deste Diferente Terror

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