A pergunta costuma ser complexa E com diversas variáveis na resposta. Mas estou aqui, como sempre, para tentar simplificar a mesma e ajudar possíveis escritores a publicar as suas histórias. O processo pode dar dor de cabeça, sim, mas consegue ser prazeroso e igualmente fácil.

  1. Como tudo começou?
  2. Descobrir a Kobo Writing Life (KWL)
  3. A revisão, edição e capa
  4. Formatações
  5. Marketing
  6. O anúncio da pré-venda e ter ficado em número 1
  7. O que aprendi com a publicação da minha história

Como tudo começou?

Muitos podem considerar esta pergunta inútil, mas o que mais aprendi nestes anos enquanto autor é que importa perceber o nosso caminho e o propósito do que fazemos. Publicar só por publicar não deve ser opção, pelo que a publicação desta história surgiu após obter aprovação da minha atual editora. Após isto, visto que é uma história curta, procurei perceber o que queria. Facilmente vos resumo a:

  • Correta disponibilidade,
  • Qualidade literária.

Sem isto, não poderia avançar, pelo que logo defini que queria publicar pela Kobo. Porquê? Bem, não só a mesma está disponível em Portugal, como tem o serviço Kobo Plus e uma plataforma para autores: a Kobo Writing Life. Isto fez-me logo procurar a ajuda da Ana Reis. Já tendo publicado na Amazon e na Kobo, parecia-me lógico falar com quem sabe e usar o conselho que mais dou aos autores: o de falar com outros.

Descobrir a Kobo Writing Life (KWL)

Pode parecer estranho, porque poderia ter simplesmente ido para o segundo ponto que vos referi em cima, mas para mim era importante sentir-me confortável com este caminho, pelo que pegando no que já sabia da KWL e do que a Ana me tinha contado, procurei ir mais a fundo. Descobri assim como é possível definir preços, baixas de preço, disponibilidade no Kobo Plus, saber quanto receberia, como poderia controlar a disponibilidade por país e todos os dados necessários para upload do livro. Todavia, algo que na altura não sabia era ainda o ISBN. Sendo algo que custa mais de 40€, optei por tomar uma decisão: vou verificar se é realmente preciso este investimento e vou tratar da minha obra.

A revisão, edição e capa

Conhecendo melhor ao que ia e as condições, estava na altura de contactar a Elga Fontes para rever e editar a minha história. Tendo sido escrita em setembro, só em outubro enviei à Elga. A 1 de novembro estava a receber as provas finais e tinha duas semanas para publicar a história. O processo correu bastante bem e, tendo já trabalhado com a Elga, consegui fazer as alterações que queria após o seu olhar e, acima de tudo, garantir a qualidade aos leitores.

Mas um livro é mais do que o seu conteúdo e, atualmente, a capa assume papel de relevo. Não sou só eu que o diz, mas todo o mercado e redes sociais. Acresce o facto de que, sendo em e-book, o apelo começa logo pelo título e componente visual. Desta forma comecei a procurar imagens de casais homossexuais para a capa. A tarefa foi extremamente difícil pela predominância de representações heterossexuais, mas lá consegui. Aproveitei assim os períodos de teste do Canva e do site Dreamstime e compus a minha imagem. Algo que me ajudou, contudo, foi não pesquisar capas do género. Foi um risco que corri, mas limitei-me a lembrar dos elementos que mais me chamaram à atenção nas capas de livros que comprei este ano, e de memória, para conjugar todas as cores da capa. Uma vez que o próprio Canva mostra as exatas cores da paletes da imagem, consegui algo consistente e que me deixou realmente feliz. O que também fiz foi analisar bem os direitos das imagens que usei para garantir que não violava nada.

A capa foi, contudo, testada em amigos leitores mais próximos, onde o feedback dado foi fundamental, especialmente para a capa em inglês. Exemplo disso são as versões e conceitos que descartei:

Formatações

Este era o ponto que mais me preocupava e se fiz uma capa em dois dias, a formatação foi o mais difícil. Usando a ajuda da Ana, descobri e usei o site Reedsy. Não só permite formatar o livro automaticamente, como selecionar o tipo de letra e tipologia de capítulos. É ainda possível adicionar uma página sobre nós, notas, ligações para redes sociais e uma ficha técnica detalhada.

Mas se o processo correu bem, as dimensões para a capa nem tanto. Foi após muita procura e tentativa que acabei por fazer o seguinte:

  • Descarreguei o ficheiro epub do reedsy sem capa;
  • Redimensionei a capa de alta qualidade para o tamanho 1408 x 2200;
  • Abri o e-book no programa Calibre;
  • Editei os metadados do livro e fiz upload da capa com a nova dimensão;
  • Exportei o livro em formato epub3.

Após isto consultei a compatibilidade no meu Kobo e tudo funcionou. Infelizmente tal não acontecia sempre ao consultar o programa Adobe Digital Editions, mas após reiniciar o mesmo aparecia bem. Outra dica que me foi dada foi pela Andreia Ferreira, que indicou-me que se definirmos a capa para 2000×2000 a mesma aparece corretamente em qualquer ecrã. Todavia, o ideal é, a fazer uma publicação deste género, ter acesso a um Kobo, nem que seja de um conhecido.

Marketing

O autor tem de se desdobrar em múltiplos papéis quando publica um livro. Um deles é o marketing, pelo que decidi que queria ter, pelo menos, perto de um mês de promoção. Assim, e para anunciar tudo a 25 de outubro, tinha de ter algumas coisas prontas:

  • A capa pronta;
  • Material promocional;
  • Novas formas de revelar a capa e a história.

Visto que ainda tinha de esperar pela revisão, que só chegava até mim em novembro, e ainda tinha de decidir se iria comprar um ISBN, comecei no final de setembro a planear o marketing. Assim, para me precaver, decidi ir por semana. Todas as semanas, na minha folga de trabalho, ia publicando estas iniciativas. Revelação da temática, revelação do título e a da capa. Isto permitiu criar algum burburinho à volta do tema e aguçar a curiosidade. Mas deu-me também uma coisa: tempo.

Uma vez que a revelação da capa (e pré-venda) foi anunciada a 25 de outubro e a primeira iniciativa aconteceu a 13 de outubro, tive estas semanas para:

  • listar o livro na plataforma da Kobo,
  • definir o preço,
  • definir o lançamento,
  • perspetivar campanhas especiais
  • quando iria disponibilizar cópias avançadas.

Desta forma completei todos os espaços pedidos na plataforma, criei a minha sinopse, defini o preço base para 1,99€ (que me dá 70% em direitos de autor por compra) e um preço promocional de 0,99€ (que me deu 40% de direitos de autor). Listados os livros (que estiveram disponíveis na plataforma semanas antes do anúncio), percebi que a Kobo atribuía automaticamente um eISBN para a sua loja. Desta forma, e para poupar uns trocos (visto que até então tinha gasto só com a revisão e edição), cancelei os planos de um ISBN português e comecei a criar imagens promocionais.

Uma vez que o período de testes do Canva era contado, todas as imagens promocionais foram criadas ao mesmo tempo. Isso mesmo: criei logo imagens de revelação de temáticas, título, capa e até imagens que iria usar meses depois (como agora). Usando a ferramenta de mockups criei ainda imagens para incentivar a compra ou usar se fosse preciso, como as que se seguem em baixo:

Isto foi deveras motivante, é o que mais gosto na publicação de um livro, mas é cansativo e obrigou-me a grandes ginásticas. Como estou a estudar e trabalhar ao mesmo tempo, tinha de coordenar tudo, o que se revelou deversas desafiante. Foi, contudo, nesta altura, que comecei a ajustar o meu site para receber estas novidades, assim como perceber o que iria fazer como o Kobo Plus e o Natal. Elementos fundamentais, até porque aprendi diversas coisas neste jogo e que irei partilhar com mais detalhe.

O anúncio da pré-venda e ter ficado em número 1

Não poderia ter ficado mais feliz por, no dia 26 de outubro, o dia seguinte ao anúncio, ter uma mensagem da Sofia Costa Lima a dizer-me que estava em destaque na loja da Kobo. E, na verdade, tal manteve-se mesmo até à semana passada. Foi uma alegria enorme e, quer tenha estado em #1 ou até #6, ter a minha história gay de romance e independente em destaque foi um autêntico abraço de conforto. Especialmente por não saber o que representava em vendas, visto que as mesmas só aparecem contabilizadas após a confirmação da compra, algo que acontece no dia em que a história é lançada e o dinheiro é retirado da conta dos leitores. Todavia, estes números revelam uma verdade triste no nosso mercado…

O que aprendi com a publicação da minha história

Como o intuito é ajudar vou tentar não me alongar mais, mas foram diversas as coisas que aprendi e acho importante partilhar convosco:

  • Uma vez que a indexação do e-book na loja pode demorar até 72h, recomendo que façam tudo com a máxima antecedência, especialmente no que toca ao conteúdo. Por exemplo: podem listar o livro em pré-venda como fiz e fazer upload de um ficheiro base e depois substituir esse ficheiro por um novo. Na verdade, é como fazer edições, sendo que é possível estar assim sempre a corrigir erros que não tenham sido, eventualmente, detetados. Todavia, façam isto com tempo para que, no dia de lançamento, o ficheiro correto estar presente.
  • Pensem corretamente nas vossas campanhas de preços visto que não podemos fazer as mesmas em cima do joelho. A razão é muito simples: imaginem que hoje é Dia do Autor e esqueceram-se. Vão a correr para fazer uma promoção e fazem um desconto. Quem tivesse comprado o livro nesse dia até então teria pago um preço superior, o que não é justo. Desta forma tentem sempre prever tudo, visto que é preciso antecedência de 24h.
  • A Kobo tem diversas páginas de ajuda e a equipa de resposta deles demora, em média, até dois dias a responder a qualquer dúvida ou problema por e-mail. Naveguem nessas páginas, em especial para perceberem como funcionam os lucros quando têm o livro no Kobo Plus.
  • Ao fazer o upload em epub2 no Calibre percebi que tudo ficava desconfigurado no meu Kobo, sendo que precisei de extrair o ficheiro em epub3 para tudo funcionar.
  • Ao fazer upload da 2ª Edição descobri que o meu ficheiro tinha um erro relacionado ao OverDrive, uma funcionalidade que não faz muito sentido cá. Desta forma, se se depararem com ele, não se preocupem. O erro e a resposta que obtive da Kobo são as seguintes:
  • Infelizmente, só após este e-mail descobri a página de validação da Kobo e que ensina a testar o nosso e-book. Algo útil para quem não tem nenhum dispositivo ou, simplesmente, não quer estar constantemente a transferir ficheiros entre o dispositivo e o PC. Podem aceder a esta ajuda aqui. Se quiserem testar ainda diretamente na app da Kobo, sigam estas dicas (em inglês).
  • Ao não termos um ISBN e ficarmos somente pelo que a Kobo atribui, significa que poderemos ter dificuldade em usar o da Kobo no Goodreads ou até no Reedsy, que o não considera válido.
  • É uma ótima sensação ter o nosso livro no topo, mas ao analisar as vendas percebi que, por vezes, manter esse número significa que um outro livro deve ter tido só uma venda e o meu e-book duas. Demonstra como existe ainda reticência neste formato e que qualquer deslize no marketing pode fazer com que o nosso livro desça de posição. Ou seja, mesmo um livro da Colleen e José Rodrigues dos Santos só deve ter vendido, diariamente, entre nada e dois.

Espero que esta publicaçáo vos tenha ajudado e farei por vos responder a qualquer dúvida que possam ter. E, já agora, Três Dias Até ao Natal está disponível na Kobo por 1,99€.

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